O antigo alto representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações e a Cáritas Portuguesa apresentaram hoje em Lisboa uma campanha de recolha de roupa para as crianças refugiadas da Síria na Jordânia e no Líbano.
“Podemos ser sempre solidários e quando não há disponibilidade em géneros todas as pessoas têm algo que pode partilhar e o que conta é o resultado final”, assinalou Jorge Sampaio, em conferência de imprensa.
O ex-presidente da República portuguesa explicou que esta iniciativa resultou das preocupações de 10 estudantes de mestrado e doutoramento sírios em Guimarães, num total de 63 que Portugal acolhe.
Jorge Sampaio recordou que há “quase dois milhões de crianças” refugiadas no Líbano, Jordânia, Iraque, Turquia e Egito e que “já morreram de frio várias crianças” devido ao inverno rigoroso.
“A violência e as deslocações forçadas terão transtornado profundamente a vida de mais de sete milhões de crianças na região”, alertou o responsável, que considera que a “desgraça síria não tem medida”.
Neste contexto, a campanha quer recolher vestuário, cobertores, mantas e agasalhos em boas condições.
“Entreguem só aquilo que os seus filhos vestiriam. Organizem as caixas com roupa digna”, pede Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa.
A instituição católica explicou que todos podem participar e que vai disponibilizar no seu sítio online o impresso para se assinalar o que contém cada caixa de roupa.
“Dentro de dois dias teremos a informação dos locais onde poderão entregar essas caixas e de amanhã a oito dias estaremos no país a recolhê-las”, informou Eugénio Fonseca.
À Agência ECCLESIA, o responsável frisou que esta situação, “em termos humanos, é muito mais dolorosa”, porque afeta crianças que correm risco de vida por não terem “condições mínimas de conforto” e “indispensáveis” para “crescer harmoniosamente”.
Eugénio Fonseca revela que não as organizações de solidariedade conseguem chegar a “todos os campos de refugiados”, pelo que, neste caso, se vão centrar atenções na Jordânia e no Líbano, onde “estão as maiores dificuldades e temperaturas mais agressivas”.
Para a distribuição dos bens, contam com o apoio das Cáritas locais, de outras entidades parceiras no terreno e do Alto Comissariado para os Refugiados.
“António Guterres ficou muito animado e solidário com esta campanha e comprometeu-se a mobilizar outras organizações para que a distribuição seja o mais rápido possível porque as temperaturas são preocupantes e tendem a baixar mais”, informou Eugénio Fonseca.
A campanha de recolha de roupa e cobertores tem o apoio da Conferência Episcopal Portuguesa; Comunidade Islâmica de Lisboa; Comunidade Ismaili; Cruz Vermelha; Cruz de Malta; Corpo Nacional de Escuta; da Câmara Municipal de Lisboa.
“A inação é que não resolve nada, a disponibilidade destas organizações, a começar pelos que aqui estiveram hoje significam que temos de fazer coisas. Este drama sírio é um drama à escala mundial com repercussões absolutamente imprevisíveis”, assinalou Jorge Sampaio.