A realidade de militantes de grupos armados, que são na sua esmagadora maioria homens, raptarem mulheres é tudo menos nova, mas da Nigéria surge agora uma revelação que pode ajudar a explicar porque é que o Boko Haram tem apostado tanto nesta estratégia.
Inicialmente pensava-se que as mulheres raptadas serviam essencialmente para satisfazer os desejos sexuais dos combatentes, seja através de casamentos forçados ou de uso como escravas sexuais. Mas o governador de Borno, um estado com uma forte presença do grupo fundamentalista, diz que as mulheres são usadas como armas de procriação maciça.
"Estes homens têm uma crença espiritual de que qualquer filho que geram acabará por herdar a sua ideologia, quer estejam presentes ou não", diz Kashim Shettimam, numa declaração reproduzida no site do Council of Foreign Relations, sedeado nos Estados Unidos.
Ao longo das últimas semanas as forças armadas da Nigéria e de alguns países vizinhos têm feito grandes avanços contra o Boko Haram, cujos membros estarão escondidos em vários campos na floresta de Sambisa. Cerca de mil mulheres foram já resgatadas vivas e as autoridades notam que muitas delas estão grávidas.
A confirmar-se, a teoria avançada pelo governador do Estado de Borno pode ajudar a explicar porque é que os terroristas do Boko Haram dão tanta importância ao rapto e violação de mulheres em idade de procriação.