O presidente da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) saudou hoje o desfecho positivo das negociações iniciais entre a Grécia e as instituições credoras, quanto à ajuda financeira que será dada ao país.
Num comunicado publicado através da internet, o cardeal Reinhard Marx considera este um sinal de que, “apesar de todos os obstáculos, as partes envolvidas não abandonaram a procura de uma solução europeia comum”.
“As negociações forma duras, realmente duras. Os riscos eram enormes para todos os envolvidos. Não faltavam oportunidades para enveredar pela acusação mútua. Mas o mais importante é que agora é possível olhar em frente e pensar numa alternativa que sirva a todos”, realça o arcebispo alemão.
O acordo de princípio, que deverá ser oficializado esta sexta-feira, abre portas a um empréstimo de sete mil milhões de euros à Grécia, que servirá para manter a nação helénica enquanto o terceiro resgate financeiro não for oficialmente aprovado.
Esta decisão ainda está no entanto sujeita à aprovação dos 28 Estados-membros da União Europeia.
Para o presidente da COMECE, “a estabilidade grega e a preservação de um caminho europeu comum interessa a todos os países da zona euro”.
“É essencial que todos os europeus se concentrem em objetivos e projetos comuns, e é vital que eles trabalhem em conjunto para os atingir”, frisa D. Reinhard Marx, que fala também na necessidade dos Estados “restaurarem a confiança uns nos outros”.
“O tom preconceituoso que caraterizou os discursos, reforçado pela atmosfera tensa dos últimos meses, tem de ser desconstruído e ultrapassado. É fundamental que todas as partes envolvidas tomem as medidas necessárias para devolver a calma à Europa, e explorem formas de abordagem mais construtivas, no futuro”, complementa.
Quanto ao futuro da Grécia, o responsável católico não deixa de colocar algumas interrogações acerca do próximo resgate financeiro.
“Será este pacote de medidas viável? Conseguirá a Grécia voltar a caminhar pelo seu próprio pé, depois de atender a todas as soluções impostas? Como será possível garantir neste contexto as necessidades dos mais pobres e desfavorecidos?”, questiona.
Para já, na opinião do arcebispo alemão, ficou claro de que “a União Europeia sozinha não poderá lidar com todo um conjunto de matérias que estão dentro da alçada dos chefes de Estado e de governo”.
“Os Estados-membros têm de trabalhar mais no fortalecimento económico e monetário da União, que precisa também de um outro tipo de coordenação ao nível das políticas financeiras e sociais. É essencial uma nova abordagem que afaste o espectro de novas crises ou conflitos”, sustentou.
O responsável pela Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia termina a sua mensagem garantindo o compromisso dos cristãos em “cooperar” com todas as partes envolvidas para que “o projeto europeu possa ser uma realidade”.