O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) vai voltar a indicar o nome de Domingos Simões Pereira quando for consultado pelo Presidente da República para formar novo Governo, anunciou o líder do partido.
"Os estatutos do partido são muito claros: em caso de vitória nas legislativas, o presidente do partido é o chefe do governo", referiu Simões Pereira, depois de os órgãos dirigentes lhe terem reafirmado a confiança.
O líder do PAIGC foi demitido na quarta-feira pelo Presidente guineense, Jose Mário Vaz - chefe de Estado eleito em 2014 pelo PAIGC.
Questionado sobre o que poderá suceder quando Vaz for confrontado com o nome que destituiu, o líder do Governo destituído deixa o cenário em aberto.
"Isso são outras instâncias do poder que vão ter que avaliar", referiu.
Domingos Simões Pereira falava aos jornalistas depois de ter discursado perante os militantes na sede do partido, onde esta quinta-feira manteve reuniões com dirigentes e membros do Governo destituído.
O primeiro-ministro cessante manifestou-se "chocado" com a forma como Presidente da República faltou à verdade quando justificou a demissão do Executivo - eleito democraticamente e com maioria no Parlamento, englobando ainda membros dos partidos da oposição.
"Não posso deixar de me sentir chocado quando o presidente se sente na necessidade de ir à procura de argumentos" e de justificações que "são, objectivamente, infundadas e que não correspondem à verdade", referiu.
São verdadeiras as dificuldades de relacionamento evocadas, mas essas o líder do PAIGC considera que ambos deviam gerir como homens de Estado.
Quanto às acusações de corrupção, falta de transparência na gestão pública, deslealdade e agitação, Simões Pereira refuta e disponibiliza-se a fornecer detalhes.
"Isso obriga-nos assumir o desafio de trazer a limpo e na praça pública todo o conjunto de factores que, a meu ver, esclarecem que tanto a corrupção como outros elementos da desgovernação a que o Presidente faz referência aconteceram noutras épocas e não durante a minha governação", concluiu.
Apesar de tudo, Simões Pereira acredita que será possível "encontrar espaço de entendimento e preservar o essencial: a paz e tranquilidade do povo".