O Papa defendeu esta Sexta-feira junto da Assembleia Geral da ONU a necessidade de reformas no Conselho de Segurança e nos organismos financeiros internacionais, para defender melhor as populações mais desprotegidas.
“A necessidade duma maior equidade é especialmente verdadeira nos órgãos com capacidade executiva real, como o Conselho de Segurança, os organismos financeiros e os grupos ou mecanismos criados especificamente para enfrentar as crises económicas”, declarou Francisco, num discurso em espanhol.
A intervenção alertou para as “nefastas consequências” duma “irresponsável má gestão da economia mundial, guiada unicamente pela ambição de lucro e poder”.
Nesse sentido, o Papa pediu que a ONU procure “limitar” qualquer espécie de abuso, especialmente sobre países em vias de desenvolvimento.
“Os Organismos Financeiros Internacionais devem velar pelo desenvolvimento sustentável dos países, evitando uma sujeição sufocante desses países a sistemas de crédito que, longe de promover o progresso, submetem as populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência”, insistiu.
Depois de visitar a sede da ONU, Francisco seguiu para o edifício que acolhe a Assembleia Geral da ONU, onde cumprimentou, ao longo do corredor, os filhos dos funcionários.
Após um encontro privado com os presidentes da 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Mogens Lykketoft (Dinamarca), da 69ª Assembleia Geral, Sam Kahamba Kutesa (Uganda), e do Conselho de Segurança em setembro de 2015, Vitaly Churkin (Rússia), o Papa entra no hemiciclo.
O primeiro discurso do pontífice argentino na ONU é feito na presença de vários chefes de Estado e de Governo, após intervenções iniciais de Mogens Lykketoft e Ban Ki-moon.
Esta é a quinta vez que um Papa visita as Nações Unidas, depois de Paulo VI em 1965, João Paulo II em 1979 e 1995 e do hoje Papa emérito Bento XVI, em 2008.
“Nenhum deles poupou expressões de reconhecido apreço pela Organização, considerando-a a resposta jurídica e política adequada para o momento histórico”, disse Francisco.
No 70.º aniversário da ONU, o pontífice argentino disse que esta é uma “resposta imprescindível”, dado que “o poder tecnológico, nas mãos de ideologias nacionalistas ou falsamente universalistas, é capaz de produzir atrocidades tremendas”.
A intervenção elogiou as “realizações” que as Nações Unidas levaram a cabo estão em contraste com a “desordem causada por ambições descontroladas e egoísmos coletivos”, sustentando mesmo que sem a ONU “a humanidade poderia não ter sobrevivido”.
Nesse sentido, apelou a prosseguir “incansavelmente” no esforço de evitar a guerra, que é “a negação de todos os direitos e uma agressão dramática ao meio ambiente”, através das negociações e do diálogo, como é proposto pela Carta das Nações Unidas
Citando várias vezes os seus predecessores, Francisco denunciou a “colonização ideológica” que procura impor “modelos e estilos de vida anormais, alheios à identidade dos povos e, em última análise, irresponsáveis”.
Francisco despede-se, depois de cumprimentar um grupo de crianças, seguindo para o Memorial do ‘Ground Zero’, onde vai evocar as vítimas dos atentados do 11 de setembro numa cerimónia inter-religiosa.