Os bispos da República Democrática do Congo definem a situação do país como “muito preocupante” e anunciaram a constituição de uma comissão de controlo para acompanhar os acontecimentos políticos num ano marcado por um “calendário eleitoral intenso”.
"Uma crise complexa e prolongada de proporções gigantescas criou a necessidade de ajuda humanitária para 7,5 milhões de pessoas, ou seja, nove por cento da população", alerta o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Num relatório divulgado esta segunda-feira, a ONU contextualiza que décadas de “choques sucessivos intensificaram as carências humanitárias”, deixando uma elevada percentagem da população “vulnerável aos múltiplos choques causados por conflitos, epidemias, subnutrição e catástrofes naturais".
“O dever do comité é manter o contacto com todos os protagonistas, suscitar e consolidar a confiança recíproca e encorajar as iniciativas para relançar o processo eleitoral”, escreveram por sua vez os bispos da República Democrática do Congo.
Num comunicado enviado à Agência Fides, do Vaticano, os prelados consideram que as eleições, especialmente as presidenciais, “estão em risco devido a dificuldades económicas e legislativas”.
O anúncio da constituição de uma comissão de acompanhamento surgiu depois dos encontros da delegação especial desta conferência episcopal, no âmbito das consultas nacionais prometidas pelo presidente Joseph Kabila.
“Não obstante as divergências das respectivas posições, expressão da liberdade democrática, cada componente, por amor de nossa pátria-mãe, mantém aberta uma fresta para favorecer os intercâmbios no interesse supremo da nação”, referiu o presidente da Conferência Episcopal Nacional do Congo (CENCO), D. Nicolas Djomo.
Este “Comité de Controlo” é formado por seis arcebispos metropolitas da Igreja da República Democrática do Congo, bem como o presidente e o vice-presidente da CENCO.
Neste país africano ainda não se sabe se o actual presidente, em exercício há 15 anos desde o atentado que vitimou o pai, Laurent Kabila, vai ser candidato às eleições de 27 de Novembro.
"O aumento das violações dos direitos humanos na antecâmara das próximas eleições levanta a preocupação de a situação da segurança poder deteriorar-se se a crise política se aprofundar, agravando as já prementes necessidades humanitárias", alerta ainda o relatório do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.