O Tribunal Constitucional do Congo confirmou a vitória de Denis Sassou Nguesso, que está no poder há três décadas, nas eleições presidenciais do último dia 20, enquanto a capital vive enfrentamentos violentos que provocaram o deslocamento de milhares de pessoas.
O Tribunal Constitucional anunciou na madrugada desta terça-feira que Nguesso obteve 60% dos votos, e confirmou assim os resultados divulgados pela comissão eleitoral há duas semanas, apesar das denúncias de fraude eleitoral da comunidade internacional e da oposição.
A confirmação do Tribunal Constitucional aconteceu no mesmo dia em que as forças de segurança foram mobilizadas em Brazzaville depois que foram ouvidos fortes disparos em distritos partidários da oposição, no sul da capital.
Os enfrentamentos entre os agentes e os agressores - que segundo o governo fazem parte do grupo rebelde “Ninja” - fizeram com que milhares de residentes fugissem da região.
A milícia "Ninja" é a única formação rebelde que continua suas operações contra o governo, já que não aderiu ao plano de paz assinado pelas maiores forças políticas do Congo e se negam a renunciar à luta armada.
As eleições estiveram marcadas pelas duras críticas da oposição contra a antecipação da votação para março, que inicialmente estava prevista para julho, e pela violenta resposta dos partidários de Nguesso contra alguns de seus rivais.
O líder congolês justificou a antecipação eleitoral pela necessidade de acelerar a implementação das novas instituições previstas pela polêmica reforma constitucional realizada em outubro, que permitiu a Nguesso concorrer a um terceiro mandato, o que era proibido até então.
A reforma da Constituição foi aprovada com apoio de 92% em uma consulta que a oposição qualificou de "fraude" e que contou com uma irrisória participação de 5%, segundo a Comissão Nacional Eleitoral.
Nguesso chegou ao poder em 1979, alçado pelos militares, e ocupou o cargo até 1992, quando perdeu nas primeiras eleições multipartidárias do Congo.
O político voltou ao poder em 1997, após uma curta, mas sangrenta guerra civil, na qual foi apoiado por tropas angolanas. Desde então, Nguesso se mantém no poder, após vencer o pleito em 2002 e ser reeleito em 2009.