Os
gabonenses votaram em massa neste domingo para eleger o sucessor do presidente
Omar Bongo, morto após 41 anos no poder, em uma eleição marcada pelo anúncio da
desistência de um dos favoritos e por tensões na capital.
A
situação está muito tensa em vários bairros pobres de Libreville, onde milhares
de gabonenses fazem fila nos colégios eleitorais. Um homem acusado de ser
guineano e de não ter o direito de votar quase foi linchado por populares em
Nkembo, no leste da capital, onde eleitores denunciaram irregularidades na
votação.
Muitos
colégios eleitorais de Libreville abriram suas portas com atraso devido à
demora da entrega do material eleitoral e à ausência de agentes eleitorais,
constataram jornalistas da AFP. Várias
filas de espera se formaram em torno dos centros de votação devido aos atrasos.
Mais de 813.000 eleitores foram convocados às urnas neste domingo.
"É
a primeira vez que voto. Hoje as coisas são diferentes, existe uma verdadeira
esperança de mudança", afirmou um eleitor de 31 anos à AFP no bairro de
Louis, no oeste de Libreville.
Ali
Bongo, 50 anos, filho do falecido presidente, concorre pelo Partido Democrático
Gabonense (PDG, no poder), fundado por seu pai em 1968.
Oficialmente,
o PDG venceu com folga todas as eleições nacionais desde a instauração do
multipartidarismo no país, em 1990.
Ali
Bongo disputava a presidência do Gabão com 22 candidatos até o anúncio,
sexta-feira, da desistência de cinco deles em favor do ex-ministro do Interior
André Mba Obame.
"Se
Ali ganhar, vamos queimar tudo. Vocês não vão encontrar nem dez eleitores de
Ali aqui. É impossível que ele vença", afirmou Tony Rapariga, um dos
candidatos que desistiu da disputa. Muitos observadores e candidatos alertaram
para actos de violência após as eleições.
A
votação ainda foi perturbada neste domingo pelo anúncio da desistência de
Casimir Oyé Mba, outro favorito à vitória. Sexta-feira, ele desmentira
categoricamente a possibilidade de se aliar a Obame.
É
provável que muitos eleitores de Mba sequer tenham sido informados da mudança,
que deixa 17 candidatos à presidência. Os favoritos desta eleição são Ali
Bongo, André Mba Obame e o radical Pierre Maboundou. Todos eles prometeram uma
partilha mais justa dos recursos petrolíferos, siderúrgicos e naturais do país.