A irmã Annie Demerjian religiosa da comunidade das Irmãs de Jesus e Maria faz um retrato “devastador” de Alepo, Síria, numa mensagem enviada à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
“Uma senhora contou-me que, de manhã, despede-se da sua família porque não sabe se voltarão a encontrar-se. Estamos na rua e de repente as bombas caem junto de nós e podemos morrer, ficar feridos ou perder um membro do corpo”, relatou.
Alepo era a segunda cidade mais cosmopolita desse país antes da guerra que dura há cinco anos e opõe forças rebeldes ao regime do presidente sírio, Bashar-al Assad.
Na missiva enviada à AIS, a religiosa, que esteve em Portugal em 2015, a religiosa conta que as pessoas “vivem sem água durante vários meses e sem eletricidade”, havendo ocasiões em que, por exemplo, a eletricidade é um bem de “apenas uma ou duas horas”.
Annie Demerjian revela que admira essas pessoas que são “os verdadeiros santos” daquele santuário e vivem “todas as formas” de perseguição e insultos, de “violência” sem “acesso aos mais pequenos direitos”.
“Os nossos filhos saem para a escola e nós não sabemos se irão regressar” é uma frase que faz parte dos relatos que as religiosas das Irmãs de Jesus e Maria ouvem dos habitantes.
Segundo a irmã Annie Demerjian o quotidiano de uma guerra que parece interminável, numa cidade em ruínas, “é muito cansativo” e as palavras de desânimo surgem quando o cessar-fogo não foi respeitado.
“Houve muitos combates, muitos estragos, mortos. Isso deixa-nos tristes”, lamenta.
À fundação pontifícia, a religiosa relatou que muitas pessoas partiram de Alepo “sem saber que distâncias terão de percorrer” e deixaram a sua história, a sua segurança, a sua casa, porque “querem encontrar um local seguro”.
Sublinhando a “importância – cada vez maior – das orações pela paz”, agradeceu o apoio da Ajuda à Igreja que Sofre e assinala que “só Deus pode mudar a mente e o coração das pessoas”.
“Gostaria de vos pedir que continuem a rezar pelo povo da Síria, para que tenha coragem para continuar a sobreviver nestas circunstâncias difíceis e dolorosas”, conclui a irmã Annie Demerjian.