O Papa Francisco afirmou este Domingo que a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia e as reivindicações independentistas de algumas regiões mostram a "atmosfera de divisão” que se respira no continente, temendo uma "balcanização".
“Já há guerra na Europa, depois há uma atmosfera de divisão, não só na Europa. Lembremo-nos da Catalunha, do ano passado na Escócia. Não digo que estas divisões sejam perigosas, mas é preciso estudar bem”, referiu aos jornalistas, em conferência de imprensa durante o voo de regresso desde Erevan, capital da Arménia, onde se encontrava desde sexta-feira.
Francisco foi questionado sobre o resultado do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE), na última quinta-feira; os eleitores da Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales decidiram-se pela saída da UE (51,9% dos votos).
“Tudo isto nos deve fazer refletir: um país pode dizer ‘estou na União Europeia, quero ter algumas coisas que são da minha cultura’”, observou.
O Papa falou da necessidade de “criatividade” e mesmo de “sã desunião” no seio da UE, dando mais “independência e liberdade” aos Estados-membros para pensar noutra “forma de união”.
“É preciso ser criativos na criação de emprego, na economia”, exemplificou, aludindo à elevada taxa de desemprego juvenil.
Segundo Francisco, há “algo que não está bem” numa UE “maciça”, mas convidou a “não deitar fora a criança com a água do banho”.
“Criatividade e fecundidade são as duas palavras-chave para a União Europeia”, observou.
O Papa escusou-se a comentar os “motivos” que teriam levado à decisão do Reino Unido em relação ao ‘brexit’, distinguindo o desejo de “emancipação” dos povos da América e de África da divisão em países europeus.
“A secessão de um país – pensemos na Escócia – é algo a que os políticos dão um nome, e digo-o sem ofender os Balcãs: ‘balcanização’”, precisou.
Francisco sustentou que a unidade é “superior ao conflito” e que há “diversas formas de unidade.
“A fraternidade é melhor do que as distâncias, as pontes são melhores do que os muros”, concluiu.