Pela primeira vez os partidos que querem mais autonomia para Hong Kong conseguiram 30 dos 70 lugares no parlamento local.
A China reafirmou hoje a sua "resoluta oposição" a qualquer tipo de movimentações que visem a "independência de Hong Kong", após partidos pró independência terem ganho, pela primeira vez, espaço no parlamento da antiga colónia britânica.
Em comunicado, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado lembra que a "independência de Hong Kong é contra a Constituição da China, a Lei Básica de Hong Kong e leis relevantes da Região Administrativa Especial (RAE)".
Na maior votação desde que os protestos pró-democracia de 2014 falharam em conseguir as reformas políticas desejadas, os partidos que exigem maior autonomia em relação a Pequim conseguiram 30 assentos de 70, contra os 40 da ala conservadora. Esta foi também a primeira vez que defensores assumidos da independência de Hong Kong conquistaram espaço dentro do Conselho Legislativo (LegCo, parlamento).
Para Pequim, o resultado "ameaça a soberania e segurança da China, prejudica a prosperidade e estabilidade de Hong Kong e vai contra os interesses fundamentais dos cidadãos" da região.
"Apoiamos firmemente o governo da RAE de Hong Kong a definir penalizações, de acordo coma lei", conclui o comunicado.
Um número recorde de 2,2 milhões de pessoas votou para o parlamento, numa altura de grande tensão e receio, devido ao crescente 'cerco' de Pequim a Hong Kong e às liberdades conferidas pelo seu estatuto semi-autónomo.
A liderar a nova 'vaga' no LegCo está Nathan Law, de 23 anos, líder do 'Movimento dos Guarda Chuvas' de 2014, que conquistou mais de 50 mil votos e se tornou o membro mais jovem do parlamento.
Nathan liderou os protestos que culminaram no lançamento do movimento de desobediência civil Occupy Central, que durante mais de dois meses agitou Hong Kong.
De acordo com a fórmula "um país, dois sistemas", adoptada em Hong Kong e Macau, as políticas socialistas em vigor no resto da China, não são aplicadas naquelas regiões.
Excepto nas áreas da Defesa e Relações Externas, que são da competência exclusiva de Pequim, a antiga colónia britânica goza de "um alto grau de autonomia", é "governada por pessoas de Hong Kong", mantém a sua moeda (o HK Dólar) e não paga impostos ao governo central chinês.
Em 2014, a Assembleia Nacional Popular chinesa concordou que, o chefe-executivo de Hong Kong seja eleito por sufrágio directo, a partir de 2017, pela primeira vez, mas impôs que haja apenas "dois ou três" candidatos, previamente aprovados por um Comité de Nomeação, numa decisão que desencadeando os protestos.