A Igreja Católica na Nigéria lançou este Domingo um apelo às autoridades internacionais, para que acabem com a “desgraça” do tráfico humano e da escravatura sexual que atinge inúmeras jovens do seu país e em todo o continente africano.
Em declarações publicadas pela Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, o presidente da Conferência Episcopal da Nigéria dá como exemplo as “jovens oriundas do seu país que chegam a Itália e que são vítimas de redes de tráfico sexual”.
Para Dom Ignatius Kaigama, é urgente “enfrentar as causas” de um problema que em “cada ano” envolve “centenas de milhares de pessoas”.
“79 por cento do número total das vítimas de tráfico humano são exploradas sexualmente, a maior parte das quais, mulheres”, realça o arcebispo de Jos.
Quanto aos restantes 21 por cento, “são forçados ao trabalho escravo, a maior parte, homens”.
O problema é ainda mais premente se considerarmos o facto de “em algumas partes da África Ocidental, a maior parte das vítimas do tráfico são crianças com menos de 18 anos”, frisa o prelado.
A denúncia da Igreja Católica na Nigéria chega no mesmo dia em que as Nações Unidas publicaram um relatório sobre as repercussões da guerra e dos conflitos actualmente activos em vários pontos do mundo.
De acordo com a ONU, “cerca de 50 milhões de crianças são consideradas hoje como estando desenraizadas, das quais 28 milhões tiveram de abandonar as suas casas devido a combates armados e a situações de violência.
O referido documento, intitulado “Desenraizadas - a crise que se agrava para crianças refugiadas e migrantes”, realça o facto dos mais novos serem sempre “os primeiros afectados pelas guerras e conflitos” mas também pelas “alterações climáticas e pela pobreza”.
A ONU deixa ainda outro dado “inquietante”, de que “uma em cada 200 crianças vive hoje como refugiada”.
Quanto à proveniência destas crianças, a maior parte “é oriunda da Ásia ou África, sendo que a Síria e o Afeganistão são os países que estão na base, só por si, de metade do fluxo migratório de todos os menores refugiados no mundo”, explica a Organização das Nações Unidas.
Este relatório, divulgado hoje, vai ser tema principal de uma reunião da ONU sobre refugiados e migrantes, no dia 19 de Setembro.