Joseph Kabila está profundamente chocado com os acontecimentos de 19 e 20 de Setembro. Num comunicado da Presidência da República Democrática do Congo, o chefe de Estado apresenta as suas condolências às famílias das vítimas e apela novamente ao diálogo. O documento aponta também o dedo à oposição.
Segundo a mensagem presidencial, é evidente a existência de uma segunda intenção por parte da organização da manifestação da oposição. A intenção dos opositores era “a violência cega ou pior, os confrontos sangrentos”.
O chefe de Estado congolês prometeu “às vítimas todo o seu apoio na acção judiciária” contra os acontecimentos de quarta-feira, numa referência ao anúncio do Procurador-Geral da República em responsabilizar os autores da violência e os seus cúmplices.
"O recurso à violência não pode constituir uma alternativa ao diálogo em curso", insiste o presidente da RDC. No comunicado, Joseph Kabila apela novamente as partes a integrarem o diálogo nacional “em curso para reforçar o consenso eleitoral e político em construção e poupar o povo a novos episódios de sofrimento”.
A mensagem de condolências vai para as famílias das vítimas e em particular “dos elementos da polícia nacional mortos no exercício da sua função: assegurar a segurança das pessoas e bens”, palavras de Kabila que apela à clama e pede à população a retoma das suas actividades.
Pouco antes da mensagem oficial da Presidência da RDC, o Procurador-Geral da República comprometeu-se a sancionar duramente os autores dos crimes e prometeu recorrer ao artigo 10 do decreto de lei n° 199 de 29 de Janeiro de 1999. Artigo referente a organizações de manifestações e reuniões públicas na RDC. Segundo Flory Kabange Numbi, as infracções cometidas serão punidas em conformidade com a lei penal.
“A polícia nacional tem ordem para procurar activamente os autores materiais e morais destes assassínios. Foram mortos homens, casa e lojas pilhadas, roubos, tentativas de violação e violações”, sublinhou o procurador que acrescentou que os autores serão encontrados.
Nesse sentido, a Direcção-Geral de Migrações recebeu instruções para proibir a saída de Kinshasa e do território nacional dos autores destes factos.
As autoridades de Kinshasa que reagiram às críticas internacionais.
" A RDC não é um distrito ultramarino francês", declarou o porta-voz do governo de Kinshasa, Lambert Mende, a propósito das críticas tecidas em Nova Iorque pelo chefe de Estado da França à repressão dos protestos populares.
François Hollande qualificara as violências no antigo Zaire como "inadmissíveis e insuportáveis" e denunciara abusos cometidos pelo Estado do ex Congo belga.
O Alto comissário da ONU para os direitos humanos Zeid Ra ad Al Hussein apelou hoje a que as autoridades construam pontes com a oposição deixando de lado o seu prisma conflituoso.
Enquanto isso o governo prometera punir os supostos responsáveis dos motins.
As manifestações visavam pedir a saída do poder do presidente cujo mandato expira a 20 de Dezembro e a realização prévia de eleições, até agora sem data marcada.