O japonês Yoshinori Ohsumi tornou-se, esta segunda-feira, o primeiro cientista a ser laureado, a título individual, com o prémio Nobel da Medicina desde 2010.
O biólogo de 71 anos, professor no Instituto de Tecnologia de Tóquio desde 2009, dedicou as últimas duas décadas e meia de carreira a estudar o processo de autofagia ou autofagocitose celular.
Foi no início dos anos 90 que Ohsumi iniciou as primeiras experiências com fermento de padeiro, para analisar o processo de renovação celular considerado hoje incontornável no estudo de doenças como o Parkinson, Alzheimer, cancro e a diabete de tipo 2.
Hoje a área de investigação é uma das mais importantes na investigação biomédica, como mostra o aumento do número de publicações sobre o tema desde o final dos anos 1990.
A autofagia é um processo celular através do qual uma célula em estado de degradação, redistribui e recicla os seus componentes, para formar uma nova célula.
Os primeiros estudos sobre este processo de auto-destruição celular – através do qual a célula envolve o seu conteúdo em membranas, formando pequenos sacos de “reciclagem” – datam dos anos 60.
Mas, como sublinha, o Comité do Prémio Nobel, foi graças aos estudos de Ohsumi, publicados a partir de 1993, “que a importância da autofagia na fisiologia e doenças humanas foi revelada”.
O microbiologista japonês conseguiu demonstrar pela primeira vez que o processo visível nas leveduras é semelhante áquele que permite a renovação das células do corpo humano.
Entrevistado após o anúncio da atribuição do Prémio Nobel, o japonês afirmou, “estar surpreendido”. “Eu queria fazer uma coisa diferente dos outros”, afirmou, “e pensei que a auto-decomposição seria um tema interessante”.