Todos hospitais no Leste da cidade síria de Aleppo, região controlada pelos rebeldes que lutam contra o governo de Bashar Al-Assad, estão fora de ação após dias de intensos bombardeios da área sitiada, afirmou a direção de saúde local.
“A destruição da infraestrutura essencial para a vida deixa a população sitiada e resoluta, incluindo todas as crianças e homens e mulheres idosos, sem instituições de saúde que ofereçam tratamento, deixando-os lá para morrer”, diz o comunicado da direção de saúde local enviado à agência de notícias Reuters.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que monitora a guerra desde sua sede na Grã-Bretanha, no entanto, informou que alguns hospitais da área sitiada de Aleppo ainda estão em operação, mas muitos residentes temem procurá-los por causa dos intensos bombardeios. Ainda de acordo com o OSDH, ao menos 27 civis morreram neste sábado em bombardeios do regime sírio contra os bairros rebeldes de Aleppo.
- Praticamente nenhum bairro do Leste de Aleppo está livre hoje dos bombardeios do regime - afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor da ONG.
Fontes médicas, residentes e rebeldes no Leste de Aleppo afirmam que todos os hospitais na área foram atingidos nos últimos dias. Anteriormente, os profissionais de saúde teriam conseguido colocar as instituições de volta em funcionamento apesar dos ataques, mas a falta de suprimentos está tornando o trabalho cada vez mais difícil.
Os bombardeios têm atingido o Leste de Aleppo desde a última quinta-feira, quando o Exército sírio e seus aliados retomaram as operações na região após uma pausa de semanas, atacando posições dos rebeldes nas linhas de frente da cidade sitiada. A TV estatal síria informou na quinta que a Força Aérea do país teve como alvos “bastiões terroristas e depósitos de suprimentos”. Aliada de Assad, a Rússia, por sua vez, informou que seus aviões só estão conduzindo ataques em outras partes da Síria. Ambos países também refutam as acusações de que têm atacado deliberadamente hospitais e outras infraestruturas civis na guerra, iniciada em 2011.
Apesar disso, outros relatos dão conta de que o único hospital para atendimento de crianças no Leste de Aleppo foi atingido por bombas nos mais recentes ataques, forçando os médicos a evacuarem bebês em incubadoras e outros pacientes para o porão do prédio. O hospital infantil também estava tratando as vítimas de ataques com gás de cloro que afetaram sua respiração.
“Estamos deslocando o hospital infantil porque ele foi atingido duas vezes esta semana e é considerado um alvo válido”, informou a Associação Independente de Médicos da Síria em um comunicado.
Já a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou que o ataque ao hospital infantil destruiu três de seus andares, além de ter provocado baixas entre seus funcionários e pacientes.