A Marinha e os serviços de emergência da Rússia continuam as buscas por vítimas do avião militar que caiu no Mar Negro no domingo (25), com 92 pessoas a bordo, segundo a agência Reuters. As causas do acidente ainda são desconhecidas. Entre as vítimas estão membros do coro do Exército que celebrariam o Ano Novo com as tropas russas na Síria. Nesta segunda-feira (26), a Rússia respeita um dia de luto por causa do acidente.
A catástrofe, que aconteceu na manhã de domingo pouco depois da decolagem do aeroporto da localidade balneária de Sochi, provocou uma grande comoção na Rússia, onde o 'Ensemble Alexandrov' - conhecido por suas turnês ao exterior sob o nome de coro do Exército Vermelho - é considerado um dos símbolos do país e um orgulho nacional.
O ministro russo dos Transportes, Maxim Sokolov, afirmou nesta segunda-feira, após uma reunião da comissão especial criada na véspera, que entre as principais hipóteses na investigação "não está incluída a de ato terrorista".
"Os motivos podem ser diversos. Os especialistas do comité de investigação estão analisando", afirmou, antes de citar um "problema técnico ou um erro do piloto".
As equipes de busca encontraram 11 corpos e mais de 150 pedaços do avião, de acordo com o porta-voz do ministério da Defesa, Igor Konachenkov. Dez corpos foram transportados a Moscovo para a identificação.
Mais de 3.500 pessoas participam na operação, com o apoio de 39 barcos, cinco helicópteros e vários drones. As autoridades russas ampliaram o perímetro de busca.
As caixas-pretas do avião ainda não foram localizadas, mas o comandante da Força Aérea russas, Viktor Bondarev, se mostrou "convencido" de que não estão danificadas e disse que espera encontrá-las nas próximas horas.
O presidente russo Vladimir Putin anunciou um dia de luto nacional para homenagear as vítimas e pediu uma "investigação minuciosa para determinar as causas da catástrofe".
De acordo com o ministério da Defesa, o Tupolev Tu-154 desapareceu dos radares às 5H27 (0H27 de Brasília), dois minutos depois de decolar do aeroporto de Sochi, no município de Adler, às margens do Mar Negro, com destino à base aérea de Hmeimim, perto de Latakia, na Síria.
A aeronave transportava 84 passageiros e oito integrantes da tripulação. Entre as vítimas estavam 64 membros do Ensembre Alexandrov, incluindo seu diretor, e oito militares.
Eles viajavam à Síria para passar o Ano Novo com os soldados russos mobilizados no país desde setembro de 2015, em apoio ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad, aliado de Moscou.
No avião também estavam nove jornalistas dos canais de televisão Pervy Kanal, NTV e Zvezda, dois altos funcionários civis e a directora de uma organização de caridade muito conhecida na Rússia, Elizavéta Glinka.
A ativista, conhecida como "doutora Liza", levava medicamentos para o hospital universitário de Latakia, informou o diretor do Conselho dos Direitos Humanos (vinculado ao Kremlin), Mikhail Fedotov, citado pela agência Interfax.
Vários aviões Tupolev-154 sofreram acidentes nos últimos anos. Em 2010, uma aeronave deste tipo com 96 pessoas a bordo, incluindo o presidente Lech Kaczynski e altos dirigentes poloneses, caiu durante a tentativa de pouso na região de Smolensk (oeste da Rússia). A tragédia não deixou sobreviventes.
O ministério da Defesa informou que o avião que sofreu o acidente no domingo estava em operação há 33 anos e tinha 6.689 horas de voo. Havia passado por reparos pela última vez em Dezembro de 2014 e por uma revisão há três meses.
Quase 4.300 soldados russos estão mobilizados na Síria, onde a Rússia reforça sua presença militar com instalações como a da cidade portuária de Tartus (noroeste), que supostamente serão transformadas em uma base naval permanente neste país em guerra desde 2011.