Os restos mortais do ex-Presidente português, Mário Soares, vão a enterrar esta terça-feira, no cemitério dos Prazeres, nos arredores de Lisboa.
Um poema pela voz de Maria Barroso, o som da Orquestra Nacional de São Carlos e os discursos dos dois filhos no último adeus a Mário Soares.
Mário Soares morreu este sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha (HCV), na capital portuguesa, onde tinha sido internado de urgência em 13 de Dezembro. O governo decretou três dias de luto nacional. A uma só voz, da esquerda à direita, o país político lamentou a morte do principal arquitecto daquilo que é hoje o regime político português: uma democracia parlamentar liberal europeia.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez uma declaração em Belém (Presidência da República Portugesa) sublinhando a 'imortalidade do legado' do homem que em 1973 fundou o Partido Socialista (PS), actualmente no poder, e que chegou ao 25 de Abril um ano depois com 50 anos, mais de metade dos quais intensamente vividos a combaterem a ditadura salazarista.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou 'o combate pela duradoura liberdade com justiça na nossa pátria comum', o político que 'nunca desistiu de um Portugal livre, de uma Europa livre, de um mundo livre'. 'No que era decisivo, ele foi sempre vencedor.'
As reacções políticas dos órgãos de soberania seguiram-se pela ordem prevista. Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, escreveu numa mensagem divulgada no site parlamentar que 'não será exagerado dizer que é o último quartel do século XX português que se confunde com ele'. 'Se a nossa geração já fez política em democracia, se as gerações dos meus filhos e netos já cresceram num país livre, democrático e europeu, a ele muito o devemos', disse.
Jorge Sampaio (PS) e Cavaco Silva (PSD - Partido Social-Democrata), que sucederam a Mário Soares no cargo de Presidente da República, também não pouparam elogios. 'Foi preso, exilado, nunca perdeu o seu amor por Portugal. Sempre acreditou naquilo que era o interesse de Portugal e no que era estrategicamente vital para a democracia portuguesa', assinalou Jorge Sampaio - que entrou no PS em 1978 a convite de Soares .