O Papa Francisco alertou hoje no Vaticano para a violência e os confrontos “brutais” que estão a atingir a população da República Democrática do Congo, lembrando em particular a situação das crianças -soldado.
“Infelizmente, continuam a chegar notícias de confrontos violentos e brutais na região do Kasai Central, na República Democrática do Congo. Sinto uma grande dor pelas vítimas, especialmente por tantas crianças subtraídas às famílias e à escola para serem usadas como soldados”, declarou, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro após a recitação da oração do ângelus.
“Isto é uma tragédia, a das crianças -soldado”, acrescentou.
A intervenção lembrou o pessoal religioso e das instituições de ajuda humanitária que “trabalham nesta difícil região”.
O Papa deixou um “forte apelo” à consciência das autoridades do país africano e da comunidade internacional, para que se tomem “decisões adequadas e urgentes” em socorro destas populações.
“Rezemos por eles e por todas as populações que, também noutras partes do continente africano e do mundo, sofrem por causa da violência e da guerra”, disse ainda.
Francisco evocou, neste contexto, as vítimas dos “cruéis actos terroristas” que nos últimos dias atingiram o Paquistão e o Iraque.
“Rezemos ardentemente para que cada coração endurecido pelo ódio se converta à paz, segundo a vontade de Deus”, referiu, antes de convidar os presentes a um momento de silêncio e de recitar com eles uma Avé -Maria.
Confrontos entre etnias da República Democrática do Congo provocaram dezenas de mortes nos últimos dias.
O bispo de Luiza, Dom Felicien Galumbulula, afirmou na última semana que “estão a ser cometidas violências e atrocidades inimagináveis” contra as populações daquele país africano.
Em declarações publicadas esta quarta-feira, pela Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, o prelado dá conta das consequências “terríveis” que os confrontos entre o exército governamental e forças rebeldes estão a ter no território.
A ONU, a União Africana, a União Europeia e a Organização Internacional da Francofonia divulgaram na quinta-feira uma declaração conjunta, na qual observam que seis semanas após um acordo sobre as modalidades de um período de transição que levaria à realização de eleições pacíficas e credíveis até Dezembro de 2017, “as partes ainda precisavam de concluir as discussões sobre a implementação efectiva da resolução.
O acordo, facilitado pelos mediadores da Conferência Episcopal do Congo, levaria à do presidente Joseph Kabila, cujo mandato expirou em Dezembro.