O Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Joseph Kabila, disse no fim-de-semana que nunca “prometeu nada” sobre se vai haver eleições no seu país, uma afirmação que parece um recuo sobre um acordo que prevê a realização de eleições antes do fim do ano corrente, noticia a AIM.
“Eu nunca prometi absolutamente nada”, disse Kabila, falando ao diário alemão Der Spiegel, numa rara entrevista à imprensa. “Eu quero organizar eleições logo que puder”.
Sublinhou que o seu governo quer um escrutínio perfeito, não simplesmente eleições.
Kabila acrescentou que o seu governo está no processo de registo de eleitores e que está “a correr tudo bem”.
Nos termos de um acordo de partilha do poder, mediado pela influente Igreja Católica na véspera do ano novo, Kabila, de 45 anos, pode permanecer no poder até à realização de eleições em 2017, depois de ele recusar abandonar a presidência no final dos seus dois mandatos em Dezembro de 2016.
Mas este assunto provocou tensões em todo o país, de 71 milhões de habitantes, onde a crise social e económica levou a que o prazo para a realização de eleições não passe de meras hipóteses.
Num discurso em Abril, o Presidente Kabila disse que “as eleições vão ter lugar”. Contudo, dois meses antes, o seu ministro das Finanças, Pierre Kangudia, tinha dito que o escrutínio este ano iria custar ao país 1,8 biliões de dólares americanos, segundo a BBC.
A oposição tem repetidamente acusado Kabila de atrasar as eleições como forma de permanecer no poder.
Na sua entrevista a jornalistas em Kinshasa este sábado, Kabila descartou a ideia de alterar a Constituição para lhe permitir concorrer a um terceiro mandato de cinco anos.
Mas Kabila não disse definitivamente se a ideia de um terceiro mandato estaria fora de hipótese. “Isso depende sobre o que realmente significa terceiro mandato,” disse Kabila.
“De qualquer modo, não temos qualquer intenção de infringir a Constituição. E como teria eu um terceiro mandato se não formos contra a Constituição?”, questionou o chefe de Estado congolês.
Kabila tem estado a governar um dos menos desenvolvidos países do mundo desde 2001, desde o assassinato do seu pai, Laurent Desiré Kabila.
O adiamento das eleições presidenciais levou a protestos em Setembro de 2016, que provocaram a morte de pelo menos 50 pessoas.