Perseguidos em casa e indesejados no Quénia: esta é a dramática situação dos refugiados somalis de fé muçulmana no campo de refugiados de Dadaab, na região de Garissa, nordeste do Quénia. Mais de 245 mil pessoas que fugiram de perseguições e violência no seu País de origem deverão até ao fim do ano abandonar o campo de refugiados. As autoridades quenianas, de facto, decidiram libertar a área e repatriar todos os refugiados.
Segundo o Bispo de Garissa e presidente da Comissão Episcopal para os Migrantes, Dom Joseph Alessandro, esta é uma situação trágica e inaceitável. "São pessoas que fugiram da violência por parte de grupos extremistas, e agora terão de abandonar o campo para regressar à Somália. Eles são refugiados e como tais devem ser tratados. Na verdade – recordou o prelado – eles devem ser aceites e apoiados”.
Para enfrentar a decisão do governo queniano, as autoridades somalis improvisaram, no estado meridional de Jubaland, que faz fronteira com o Quénia, acampamentos improvisados para acomodar os somalis expulsos. Trata-se, no entanto, precisamente de alojamentos precários: pouco ou nenhum acesso à saúde, educação e abastecimento de água potável, e serviços higiénicos limitados. A decisão do Quénia de repatriar na Somália os refugiados está ligada à aproximação das eleições administrativas e presidenciais marcadas para o próximo dia 8 de agosto, num clima de retórica anti-refugiados alimentada pelos temores em relação ao grupo extremista somali al-Shabaab.
O Bispo Alessandro teme por aqueles que voluntariamente vão aceitar de regressar a casa. E recordou que, recentemente, uma família de refugiados regressada a Somália, perdeu quatro filhos antes de fugir novamente para voltar ao campo de Dadaab. O bispo, juntamente com algumas organizações católicas, está fazendo todo o possível para ajudar estas pessoas. Também o Administrador Apostólico de Djibouti, Dom Giorgio Bertin, está empenhado com a Caritas local para dar apoio aos refugiados. "Eu tenho ajudado muitas pessoas - disse Dom Bertin - a regressar à Somália partindo de Djibouti. Temos fornecido comida e cuidados médicos, mas ainda não é suficiente. A situação no sul da Somália é difícil". Entretanto, as instituições de caridade católicas continuam a ocupar-se da educação e apoio psicológico e espiritual. O Bispo Alessandro garantiu que os refugiados não serão abandonados.