Na Republica Centro-africana, a situação continua crítica. “Bangassou é uma bomba a relógio, pronta a explodir em qualquer momento” : assim evoca a difícil situação que se vive naquela cidade do sudeste do país, D. Juan José Aguirre Munos, Bispo da Diocese que abrange essa cidade.
Em entrevista ao programa francês da Rádio Vaticano, o prelado frisou que dois meses após terríveis violências, a população vive de novo no terror e cerca de dois mil muçulmanos permanecem entrincheirados num pequeno seminário do arcebispado de Bangassou “sob protecção da Igreja” e de capacetes azuis marroquinos. Em volta deles, milicianos anti-balaka prontos a matá-los.
Querem “asfixiá-los”, impedindo-lhes de se abastecer de água, comida, lenha para cozinhar… “se uma mulher sai do seminário, cortam-lhe as orelhas, se um homem sai, degolam-no” – disse o Bispo que revelou ter-se encontrado quinta-feira, 27 de Julho, em Bangui, capital do país, com alguns ministros para lhes pedir ajuda.
“Pedi que o Governo esteja presente, que o lugar de protecção seja deslocado, que enviem forças capazes de pôr a cidade em segurança e de ter sob controlo os anti-balaka violentos. De há dois meses para cá, há muitas lágrimas em Bangassou. É preciso pôr termo a isto. Esta situação não pode continuar”.
No passado dia 26 deste mês, o Secretário Geral da ONU, António Guterres, manifestou a sua forte inquietação acerca dos combates no sudeste da Republica Centro-africana. Ele exprimia-se na sequência da morte de dois capacetes azuis marroquinos no domingo 23 de Julho. As tropas da ONU tinham sido apanhadas numa emboscada das milícias cristãs anti-balaka – informou a missão da ONU naquele país africano.
“Se se deixar perdurar, a situação actual corre o risco de anular os resultados duramente obtidos para se chegar a uma paz durável “ – acrescentou Guterres no seu comunicado.
No total, nove capacetes azuis já foram mortos este ano. Mais de um milhão de pessoas estão deslocadas no país e a sobrevivência de mais de 2,3 milhões de habitantes – quase metade da população – depende da ajuda humanitária – refere a ONU, que tem no país 12.350 soldados e polícias para proteger os civis e apoiar o Governo do Presidente Faustin-Archange Touadera, eleito o ano passado.