Depois de confirmada, esta sexta-feira, a vitória nas presidenciais, pedindo união a todos os quenianos, mesmo àqueles que dizem rejeitar o resultado.
“Candidato Raila Odinga, dirijome a ti, aos teus apoiantes. Trabalhemos juntos” disse o presidente eleito, depois de conhecido o resultado.
“Sejamos pacíficos, partilhemos. Apertemos a mão ao nosso vizinho e aceitemos que as eleições acabaram e sigamos em frente”; continuou Kenyatta.
Segundo a Comissão Eleitoral do Quénia, Uhuru Kenyatta conseguiu 54,3%dos votos e o líder da oposição, Raila Odinga, conseguiu 44,7%.
O mesmo organismo assegurou que cerca de 80% dos 19 milhões de eleitores participaram no escrutínio.
A vitória do presidente provocou protestos a favor e contra do candidato em Nairobi, onde apoiantes da oposição, Raila Odinga, se envolveram em encontros com a polícia, mas também em diferentes localidades no este do país.
Para conter os manifestantes que rejeitam os resultados, a polícia recorreu a gás lacrimogéneo. Foram ouvidos disparos nos bairros de lata de Mathare e Kawangare, na capital. Helicópteros patrulharam a região durante várias horas.
Protestos que provocam o temor a que o país africano passe por novos episódios de violência, como os registados há uma década, quando cerca de 1200 pessoas morreram e milhares tiveram de abandonar as suas casas, numa série de episódios que culminou com confrontos e matanças étnicas.
Oposição fala em fraude
A oposição denuncia a existência de “fraudes” em todo o processo e que os números dados a conhecer num primeiro momento era “inventados”, pois, segundo “uma fonte no interior da comissão eleitoral” garantiu ao pessoal da coligação NASA que Odinga gozava de uma “vantagem considerável”.
Não é a primeira vez que o candidato Raila Odinga denuncia umas presidenciais no Quénia, depois de perder nas urnas, o que aconteceu nas duas presidenciais anteriores.
Segundo Musalia Mudavadi, da coligação que domina a oposição ao presidente eleito, foi denunciada a existência de irregularidades:
“Assinalámos a existência de sérios problemas e não obtivemos resposta. A coligação NASA não deve participar no processo em curso”.
A coligação poderia levar o caso aos tribunais quenianos.
Rivalidades étnicas
Odinga é membro da etnia Luo, que domina no oeste do Quénia e cujos membros dizem estar excluídos dos círculos do poder no país.
Kenyatta é membro da etnia Kikuyu, tal como o eram três dos quatros presidentes do Quénia desde que o país chegou à independência do Reino Unido, em 1963.
O Quénia é uma potência regional e económica na África Oriental e qualquer instabilidade no país afecta os vizinhos e influencia a actividade económica.