Um recolher obrigatório foi decretado para 3 noites no sudoeste da Nigéria para tentar aliviar as crescentes tensões entre o exército e os apoiantes de Igbos que almejam Biafra independente.
O governador do Estado de Abia, Okezie Ikpeazu, anunciou na terça-feira que todos os habitantes do Estado deverão ficar em casa entre às 18h00 (17h00 TMG) e às 06h00 da manhã, e até na sexta-feira.
Ele pediu "respeito às leis" e que "ninguém se envolva em confrontos com soldados e outras forças de segurança".
Os últimos dias foram marcados por violentos confrontos entre o exército e os membros do movimento independentista para os povos indígenas de Biafra (IPOB), que exigem independência desta região de Mairia igbo.
No domingo, o IPOB afirmou que cinco dos seus membros foram mortos, palavras imediatamente negadas pelo exército, qualificando-as de "ficção" e "muito longe da realidade".
O presidente Muhammadu Buhari disse no mês passado, ao regressar à Nigéria, após uma licença médica de três meses, que iria restaurar à ordem e a segurança no país, especialmente agravada desde o início do ano.
O governo federal vê esses protestos como uma ameaça à unidade da Nigéria, enquanto a guerra civil (1967-1970) continua a ser uma memória dolorosa e quase tabu no país.
O bloqueio contra o Biafra, o coração do petróleo do país, havia impedido todos os suprimentos de alimentos e remédios. Mais de um milhão de pessoas morreram, incluindo de fome, cujas imagens provocaram uma onda de indignação sem precedentes nos países ocidentais.
O chefe do movimento independentista, Nnamdi Kanu, está a ser julgado por traição e ataques à segurança do Estado. Actualmente em liberdade provisória sob caução, aguarda o início do seu julgamento em Abuja, que deverá ocorrer no próximo mês.
Libertado em finais de Abril deste ano sob caução, mas os seus 18 meses de detenção - durante os quais não hesitou em arregimentar multidões e construir a sua base de apoio popular - Kanu tem atiçado a ira e o sentimento de exclusão dos Biafras .
O governador Ikpeazu deixou a entender no seu apelo à calma que a operação militar (a Dança do Pytho nII), realizada na semana passada contra os sequestros e crime organizado, particularmente activo na região, estão na origem da escalada das tensões.
O IPOB afirmou na quarta-feira que os soldados invadiram a casa de Kanu em Umuahia, Estado de Abia, e quatro dos seus apoiantes foram mortos no momento em que eles tentavam bloquear a passagem.
Ikechukwu Ugwoha, um representante do IPOB, assegurou à AFP que entre "50 a 60 membros" da organização são dados como desaparecidos.