A Conselheira de Estado e chefe de Governo de Mianmar, Aung San Suu Kyi, agradeceu esta Quinta-feira na capital do país a visita do Papa Francisco e disse que o executivo trabalha para a reconciliação nacional, com atenção às minorias.
A prémio Nobel da Paz de 1991 falou, em particular, do conflito no Estado de Rakhine com a minoria muçulmana, na fronteira com o Bangladesh, que “atraiu mais fortemente a atenção do mundo”.
“À medida que abordamos questões de longa data, sociais, económicas e políticas, que corroeram a confiança e a compreensão, a harmonia e a cooperação entre diferentes comunidades em Rakhine, o apoio do nosso povo e de bons amigos, que só nos desejam sucesso nos nossos esforços, tem sido inestimável” assinalou a responsável.
Aung San Suu Kyi disse que a viagem pontifícia reforça a “fé na possibilidade da paz” e num futuro que garanta a todos “justiça, liberdade e segurança”, no respeito pela diversidade de tradições, línguas e religiões na antiga Birmânia.
A Conselheira de Estado sustentou, no discurso pronunciado no centro de convenções de Nay Pyi Taw, capital administrativa da nação, que o percurso democrático exige “força, paciência e coragem”, tendo como objetivo proteger direitos de todos e estimular a tolerância.
A Nobel da Paz fala antes da primeira intervenção oficial do Papa, que já se tinha reunido em privado com a chefe de Governo, bem como com o presidente da República, Htin Kyaw.
A presidente da Liga Nacional pela Democracia (NLD) ocupa o cargo de Conselheira de Estado; os militares continuam a deter a pasta da Defesa e a segurança das fronteiras.
“O caminho para a paz nem sempre é suave, mas é o único caminho que levará o nosso povo ao sonho de uma terra justa e próspera que será o seu refúgio, o seu orgulho e a sua alegria”, admitiu Suu Kyi.
A responsável citou a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz de 2017, sobre a não-violência e as bem-aventuranças como “um programa” para líderes políticos e religiosos.
A visita de Francisco acontece apenas 6 meses após o estabelecimento de relações diplomáticos entre a Santa Sé e Mianmar; Suu Kyi sublinhou este facto e evocou laços antigos, como, no seu caso, a educação num colégio católico.
"Faz-me pensar que tenho direito a uma bênção especial de sua santidade", gracejou.
Aung San Suu Kyi concluiu a sua intervenção em italiano: “Continuemos a caminhar juntos com confiança”.
Mianmar é deste segunda-feira a primeira paragem desta viagem pontifícia à Ásia, que se prolonga até 2 de dezembro, passando pelo Bangladesh.
As duas nações estão no centro da crise humana que atinge a minoria rohingya, muçulmana, em fuga de Mianmar para o Bangladesh, que já abriga mais de 600 mil integrantes dessa comunidade.