A Cidade da Praia, em Cabo Verde, acolhe desde sexta-feira os participantes no 13.º Encontro dos Bispos Lusófonos, da Igreja Católica, entre eles D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Em entrevista à Agência Ecclesia , o padre Manuel Barbosa, secretário da CEP, que acompanha os trabalhos, apresenta a iniciativa como “um tempo de partilha das realidades e preocupações de cada Igreja no respectivo país, na actuação com a sociedade”.
Este ano, uma das principais “problemáticas” vai ser centrada na relação entre “os jovens e a Igreja”, já com o próximo Sínodo dos Bispos no horizonte, que será dedicado aos mais novos.
Sobre a questão dos jovens, “haverá uma partilha daquilo que cada conferência episcopal, de cada país”, tem feito para preparar o Sínodo previsto para Outubro deste ano, no Vaticano.
“Procuraremos ver sobretudo como é que podemos estar mais atentos à realidade dos jovens, trabalhar com eles como protagonistas da Igreja. Estamos a olhar, ao nível das dioceses, não de cima para baixo, mas no sentido da escuta.”, Salientou o secretário da CEP.
Recentemente, Portugal esteve representado por três jovens num encontro preparatório do Sínodo, em Roma, com a participação do Papa Francisco e cerca de 300 participantes de todo o mundo.
Uma iniciativa que mostrou que as novas gerações “querem ser” esta voz activa na Igreja Católica, que por sua vez tem de procurar responder a esse apelo de forma cada vez “mais actual”, apontou o padre Manuel Barbosa.
“Como diz o Papa Francisco, as coisas não podem ser como antes, tem que se atender à realidade própria de cada fase etária, neste caso dos jovens. E as conferências episcopais estão preocupadas e ocupadas nesta questão, até pela fidelidade ao Evangelho. Não se trata de mudar por mudar, trata-se de fazer com que o Evangelho seja credível, que seja cada vez mais visível, efectivo para a vida das pessoas, neste caso dos jovens”, salientou.
‘Os jovens na Igreja: presença efectiva e transformadora’ é o tema geral do 13.º Encontro dos Bispos Lusófonos, que decorre até segunda-feira.
Um evento que, além de Dom Manuel Clemente, conta ainda com mais 11 responsáveis da Igreja Católica, entre eles o cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), que faz no sábado uma conferência sobre ‘Os desafios da Igreja à Sociedade’.
Presentes na iniciativa estão ainda o cardeal Arlindo Furtado, responsável pelos bispos católicos de Cabo Verde, e representantes de Angola, Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, Dom Manuel Clemente.
Na agenda, além da questão dos jovens, estarão presentes várias temáticas de cariz social, que acompanham a actualidade dos vários países.
Há dois anos, no Brasil, os bispos lusófonos levaram para cima da mesa preocupações ligadas à instabilidade social, económica e política presente em vários países, e que têm consequências na vida das pessoas, das famílias e instituições.
Uma reflexão que na altura teve como linha orientadora a encíclica ‘Laudato si – Cuidar da Casa Comum’, do Papa Francisco, e que segundo o padre Manuel Barbosa é para continuar e aprofundar nesta nova edição do encontro.
Questões como “a defesa da vida”, o “combate à corrupção”, “a mobilidade humana”, ligada à actual crise migratória, “e as implicações que ela tem na presença da sociedade, na educação, na protecção dos menores”.
“Todas estas questões que são faladas ao nível da Igreja, na relação com a sociedade, vão certamente estar presentes, e haverá a tentativa de procurarmos em comum o que fazer neste espaço lusófono”, completou o secretário da Conferência Episcopal Portuguesa.
Este domingo às 10h30, os bispos lusófonos celebraram com D. Arlindo Furtado, na Catedral de Nossa Senhora da Graça, na Cidade da Praia.