O político e ex-guerrilheiro moçambicano Afonso Dhlakama, líder da Renamo há quase 40 anos, morreu esta quinta-feira na sequência de uma crise diabética, confirmaram ao PÚBLICO duas fontes que acompanham de perto o processo de paz e a política de Moçambique. Dhlakama terá morrido a bordo de um helicóptero que o transportava para tratamento médico urgente.
O líder do maior partido de oposição de Moçambique tinha 65 anos e vivia na região na Gorongosa, no centro do país, para onde se mudou após o regresso da guerra civil, em 2014. Desde o último cessar-fogo entre a Renamo e a Frelimo, no poder, em Março de 2017, que se esperava que Dhlakama regressasse a Maputo e liderasse a oposição a partir da capital.
"Há 40 anos que a Renamo é Dhlakama, Dhlakama, Dhlakama, Dhlakama. Vai ser um processo interno difícil e complicado", disse ao PÚBLICO um observador da política moçambicana que pediu para não ser identificado. Não é claro quem vai ser o seu sucessor no partido.
Um dos nomes apontados é o de Ivone Soares, sobrinha de Dhlakama e líder da bancada parlamentar da Renamo na Assembleia da República, em Maputo. Outro nome forte é Manuel Bissopo, secretátio-geral da Renamo. "Mas Moçambique não é uma monarquia e a Renamo tem estatutos muitos claros", alerta numa conversa com o PÚBLICO por telefone um político moçambicano. "Depois do luto, haverá um congresso e as bases é que vão eleger o novo líder."