O bispo de Pemba, no norte de Moçambique, disse que se “vive ao sabor do medo e da insegurança” devido a série de “ataques bárbaros” ligados alegadamente a grupos radicais islâmicos, na província de Cabo Delgado.
Dom Luiz Fernando Lisboa afirmou que os ataques estão a provocar “momentos dolorosos”, com os assassinatos e com o “abandono das aldeias, machambas e da vida normal”.
O mais recente ataque foi registado esta terça-feira, a quatro aldeias na província de Cabo Delgado com relatos de episódios violentos e de, pelo menos, quatro pessoas mortos.
Em comunicado enviado à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o bispo de Pemba contou que se “vive ao sabor do medo e da insegurança” desde Outubro de 2017 quando tiveram início uma série de ataques alegadamente de grupos radicais islâmicos.
O prelado tem visitado as paróquias da diocese e procura “levar uma palavra de alento e de esperança” às populações.
“Nos atentados e ataques são os mais pobres que têm sido as maiores vítimas. As pessoas já vivem com tão pouco e o pouco que têm acabam por perder”, revela D. Luiz Fernando Lisboa, adiantando ainda que surgem “muitos boatos e versões dos factos” que contribuem para “um clima de insegurança e imprevisibilidade generalizadas”.
O bispo da capital da província de Cabo Delgado interroga-se sobre a motivação de jovens em integrar os grupos armados e que estarão a ser recrutados nas comunidades afectadas pela violência.
“Que futuro estamos a oferecer aos nossos jovens e como os incluímos na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária”, questionou.
No seu comunicado D. Luiz Fernando Lisboa dá conta de uma região pobre, mas que com a descoberta de muitos recursos naturais tem sido alvo “de uma verdadeira invasão de pessoas de diferentes proveniências, empresas e projectos”.
“Não nos deixemos cegar por preconceitos religiosos, étnicos e políticos. Pelo contrário, formemos uma grande corrente de bons sentimentos, boas práticas, bons relacionamentos, bons conselhos, boas iniciativas… a fim de que a paz, que é sempre um fruto da justiça, volte a reinar entre nós”, desenvolveu o prelado de origem brasileira, responsável pela Diocese de Pemba desde Setembro de 2013.
Esta quarta-feira, no dia a seguir ao mais recente ataque, o Governo português recomendou aos viajantes Lusos que “as deslocações se limitem ao imprescindível”.
“Desaconselha-se a permanência nas áreas mais afectadas”, assinala o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
As “indicações e conselhos” que “são susceptíveis de alteração a qualquer momento” dão conta de “vários ataques e incidentes graves”, “alegadamente praticados por um movimento insurgente de matriz islâmica”, nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Palma, Nangade, Quissanga e Pemba.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre dá conta ainda de um ataque na aldeia de Naunde onde foram mortas sete pessoas, algumas com catanas, e incendiadas 164 casas, a 5 de Junho.