Zimbabwe realizou nesta segunda-feira, dia 30, eleições presidenciais, legislativas e locais. Robert Mugabe, que no ano passado foi forçado a abandonar o poder, é o grande ausente. Pela primeira vez em 38 anos o seu rosto não está entre os dos 23 candidatos à presidência zimbabwiana.
Mudança. Não houve provavelmente outra palavra mencionada mais vezes do que esta durante a campanha para as eleições desta segunda-feira no Zimbabwe. Não é para menos. Em Novembro, a era de Robert Mugabe, o homem que baptizou e governou o país durante 37 anos, terminou em meia dúzia de dias. Nove meses depois, as primeiras eleições pós-Mugabe vão mostrar finalmente se o país abandonou em definitivo a era dos homens-fortes e da política autoritária.
Com 75 anos, muitos dos quais passados à frente do aparato de segurança do regime montado por Mugabe, o actual Presidente interino, Emmerson Mnangagwa, apresenta-se como o candidato para uma “nova era” no Zimbabwe. “O que se quer agora é um empurrão para termos a mais poderosa vitória na história deste país”, pediu Mnangagwa, conhecido como “crocodilo”, aos seus apoiantes durante o comício que encerrou a campanha no estádio nacional em Harare.
Há alguns meses, a vitória do candidato da União Africana Nacional do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-PF) parecia garantida. Mas as sondagens mais recentes mostram que a oposição congregada no Movimento para a Mudança Democrática (MDC), que junta vários partidos, está a ganhar terreno tornando a perspectiva de uma segunda volta muito provável. Um inquérito conduzido pelo Afrobarometer mostra Mnangagwa com 40% dos votos e o candidato do MDC, Nelson Chamisa, com 37%, e ainda cerca de 20% de indecisos.
O aparente progresso nas intenções de voto deu a Chamisa, de 40 anos, uma renovada confiança de que há realmente uma nova era prestes a chegar – mas sem a ZANU no poder. “Estamos mais próximos da vitória e da mudança do que nunca na história do nosso país”, declarou o candidato na recta final da campanha.