A antiga embaixadora de Moçambique nos Estados Unidos acusada de crimes de peculato, abuso de funções e pagamentos indevidos começou hoje a ser julgada num Tribunal de Maputo. A arguida, de 65 anos, afirma ter provas da inocência com recibos e facturas.
O Ministério Público acusa a antiga embaixadora de Moçambique nos Estados Unidos de ter emitido cheques para uso pessoal com o argumento de que esses montantes seriam utilizados para fazer obras na residência oficial ou em despesas de deslocação que nunca chegaram a ser realizadas.
Ainda de acordo com a acusação, os valores foram transferidos para Maputo e terão sido utilizadas pela responsável política para adquirir um imóvel, que foi registado no nome de um familiar.
A Procuradoria diz que Amélia Sumbana violou os deveres de respeito pelo património público e pediu a condenação da arguida que deverá ainda devolver os fundos desviados.
Esta terça-feira, na primeira sessão do julgamento, a arguida afirmou que pode provar a inocência com recibos e faturas.
"Nunca dei uma ordem oral para me beneficiar com algum valor, porque havia suporte documental e prestação de contas mensal ao ministério", referiu.
A diplomata referiu que o mercado americano não permite que as embaixadas tenham contas e por esse motivo as contas deviam ter um registo pessoal, neste caso o dela.
O julgamento de Amélia Sumbano não é um processo isolado. A justiça moçambicana acusa também o ex-embaixador na Rússia, Bernardo Xerindo, de desvio de fundos que terão lesado o Estado em milhões de euros.
Em Moçambique a marcação destes julgamentos que tem sido vista como uma forma da justiça mostrar trabalho, depois do caso de Manuel Chang. Em declarações à RFI, Baltazar Fael denuncia "promiscuidade entre o poder político e judicial no caso de Manuel Chang", porém admite que com estes julgamentos "as autoridades estão judiciais cumprirem com aquilo que é o seu papel".