Os protestos de dezenas de milhares de sudaneses nas ruas terminaram em violência, com pelo menos sete mortos e 181 feridos na sequência de confrontos com milícias do conselho militar.
As grandes manifestações deste domingo exigiam a transição do poder nas mãos do conselho militar para um governo civil.
Um comité médico reportou a existência de vários feridos graves por balas das milícias, mas o número dois dos militares que governam o Sudão falou apenas em tiros de atiradores especiais ('snipers') não identificados.
"A missão das tropas é proteger os manifestantes, mas não confiamos nos vândalos diante do centro de jovens e das instalações médicas. Há franco atiradores a disparar sobre as pessoas. Atingiram três elementos das Forças de Suporte Rápidas e cinco ou seis civis", afirmou o general Mohamad Hamdan Dagalo.
Além da capital Cartum, também a cidade de Kassala, perto da fronteira com a Eritreia, foi palco de tiroteios que levaram os manifestantes a fugir.
Foi o maior episódio de contestação nas últimas semanas do Sudão, desde um raide das forças de segurança em Cartum há três semanas. No início de Junho, pelo menos 128 pessoas foram mortas numa outra manifestação e na repressão dos dias seguintes, segundo os médicos. As autoridades indicaram um balanço de 61 mortos.
Estes protestos surgem após o fracasso nas negociações entre o conselho militar e os líderes da contestação para um acordo de partilha de poder.
A agitação no país tem sido uma constante desde o afastamento do antigo presidente Omar al-Bashir, em Abril.