Por ocasião do Natal e do início do novo ano, o Papa Francisco, o Primaz da Igreja Anglicana Justin Welby e o Reverendo John Chalmers, ex-moderador da Igreja Presbiteriana da Escócia, enviaram uma mensagem conjunta aos líderes políticos do Sudão do Sul, assegurando sua proximidade "aos seus esforços para implementar prontamente os Acordos de Paz".
O Papa, Welby e Chalmers formulam ao presidente sul-sudanês Salva Kiir e ao líder da oposição armada Riek Machar - que em Abril deste ano foram convidados por Francisco para um retiro espiritual de alguns dias no Vaticano - e ao povo do Sudão do Sul, os melhores votos de paz e prosperidade.
Que Jesus guie vossos passos, para que nossa visita seja possível
"Elevemos, portanto – escrevem ainda - nossas orações a Cristo Salvador por um renovado compromisso no caminho da reconciliação e de fraternidade" e invocam abundantes bênçãos sobre os líderes políticos e para todo o Sudão do Sul.
"Que Senhor Jesus, Príncipe da Paz, ilumine e guie seus passos na bondade e na verdade, para que a nossa esperada visita a este querido país seja possível".
O desejo de visitar o Sudão do Sul, em caso de acordo
Ao final da oração do Angelus de 10 de Novembro passado, o Papa Francisco expressou seu desejo de visitar o Sudão do Sul no próximo ano. O Pontífice e o arcebispo de Cantuária, Justin Welby - que se encontraram no Vaticano em meados de Novembro - definiram a situação no país como "dolorosa" e reiteraram sua intenção de visitar o Sudão do Sul juntos, se as partes em conflito formarem um governo de unidade nacional até Fevereiro de 2020.
O Papa e o arcebispo de Cantuária expressam intenção de visitar juntos o Sudão do Sul
O pensamento especial de Francisco "ao querido povo do Sudão do Sul" voltou-se novamente ao país no momento em que era atingido por grandes inundações, que deixaram mais de 490 mil crianças necessitadas de assistência humanitária. Uma emergência que se somou à já precária situação política, com as negociação de paz ainda emperradas.
Mensagem de Natal do Conselho de Igrejas do Sudão do Sul
Há alguns dias, o Conselho de Igrejas do Sudão do Sul divulgou uma mensagem de Natal focada na esperança cristã: esperança de paz, perdão e reconciliação em um país atormentado por guerras sangrentas, mas também pela pobreza, pelo drama dos deslocados e pelos desastres naturais.
"Os ventos da implementação do Novo Acordo para a resolução do conflito no Sudão do Sul – lê-se na mensagem - continuam soprando entre muitos obstáculos". Neste sentido, preocupado com a persistência das hostilidades, o Conselho de Igrejas renova seu apelo ao diálogo, comprometendo-se em trabalhar com as forças políticas para pacificar o país: "Vamos nos unir - é a exortação final da mensagem das Igrejas Cristãs – para fazer de 2020, um ano de paz e esperança para o povo do Sudão do Sul, uma paz que permita às crianças ir à escola com alegria, às mulheres de viver sem medo, aos refugiados e pessoas deslocadas de voltarem para suas casas com dignidade e aos líderes para sentarem-se em volta de uma mesa para discutir o futuro do nosso país".
Um país de joelhos: guerra civil, inundações e fome
Independente do Sudão desde 2011, após uma guerra de décadas, o Sudão do Sul é hoje um país com uma economia e uma população de joelhos devido à nova guerra que eclodiu em 2013 entre as milícias étnicas de Dinka, leais ao presidente Salva Kiir e aqueles da etnia Nuer, liderada pelo ex-vice-presidente Machar, que em 2018 concluiu um novo acordo de paz em Adis Abeba.
Sua implementação, no entanto, custa a decolar mesmo após o histórico retiro espiritual convocado pelo Papa Francisco no Vaticano em abril deste ano, para o qual os dois líderes rivais foram convidados a participar.
Somam-se à instabilidade política as inundações, a fome e as crises alimentares, que forçaram 2,5 milhões de pessoas a fugir e procurar refúgio na Etiópia e em Uganda. O empenho das Igrejas com o Sudão do Sul tem um histórico importante. De fato, muitos são os religiosos e religiosas e as ONGs envolvidas em projetos de ajuda à população.
O histórico retiro espiritual na Santa Marta, nos dias 10 a 11 de abril
Em abril, o Papa havia de fato recebido na Santa Marta o presidente sudanês Salva Kiir e o líder da oposição armada Riek Machar, para um retiro espiritual que durou alguns dias, ao final do qual foi manifestado o desejo de prosseguir no caminho da reconciliação.