Rufinus Tigau, catequista católico da diocese de Timika na província indonésia de Papua, só queria falar com os militares para deter a violência. Durante uma operação do exército indonésio, ele via a população da aldeia com medo e em perigo. Deu então um passo a frente pacificamente para que eles terminassem com os disparos. Foi morto a sangue frio. Tigau é um dos leigos e catequistas que são os novos protagonistas da missão da Igreja no terceiro milênio. É isto o que demostra a lista de agentes pastorais mortos em 2020, publicada anualmente pela Agência Fides, das Pontifícias Obras Missionárias.
A lista apresenta um total de vinte missionários assassinados, e entre eles seis são leigos, empenhados no serviço pastoral: uma percentagem que tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. A par deles, oito são os padres que perderam a vida de forma violenta, três as freiras, dois os seminaristas, um religioso. Em relação às áreas geográficas, a "primazia" do martírio vai, ainda que apenas ligeiramente, para as Américas, com oito na lista. A África segue com sete vítimas, a Ásia com três, a Europa com dois padres mortos.
A Fides observa que "centenas de sacerdotes e religiosos, capelães de hospitais, enfermeiros que morreram durante o seu serviço, fazendo o seu melhor para ajudar aqueles que foram afetados PELA COVID 19 nos locais de atendimento, devem ser lembrados.
Os sacerdotes e religiosos são a segunda categoria, depois dos médicos, que mais pagaram na Europa com suas vidas em consequência da Covid-19.
Também em 2020, muitos agentes pastorais foram mortos em ferozes tentativas de roubo ou furto. Alguns foram sequestrados ou viram-se envolvidos em tiroteios ou atos de violência nos contextos em que trabalhavam, marcados pela pobreza econômica e cultural, degradação moral e ambiental.
A Fides dedica uma menção especial ao testemunho luminoso do seminarista Michael Nnadi, de 18 anos, sequestrado na Nigéria, onde os sequestros estão na ordem do dia. O jovem foi morto porque, de acordo com o seu assassino, "continuou a pregar o Evangelho de Jesus Cristo" aos seus sequestradores.
Nos últimos vinte anos foram mortos no mundo 536 agentes pastorais, entre os quais cinco bispos. Globalmente, desde 1980, as vítimas são 1.224, incluindo as mortes violentas do genocídio NO Ruanda, em 1994. Uma lista de testemunhas que, em cada lugar e tempo, deixam para a posteridade uma marca límpida e luminosa do Evangelho.