Joe Biden tornou-se nesta quarta-feira, 20 de Janeiro o 46º Presidente da história dos Estados Unidos, ao tomar posse na cerimónia oficial diante das escadarias do Capitólio e em meio a fortes medidas de segurança.
Faltavam alguns minutos para as 12:00 locais quando Joe Biden, de 78 anos, colocou a mão sobre uma edição da bíblia de 1893 para jurar defender a Constituição, perante o presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, e perante o olhar de Kamala Harris, que minutos antes tinha tomado posse como sua vice-Presidente.
No seu empossamento, Biden afirmou: "Este é o dia da América, o dia da democracia, um dia de história e de esperança".
O novo Presidente lembrou que os Estados Unidos enfrentam "um aumento do extremismo político, da supremacia branca, do terrorismo doméstico, que devemos enfrentar e iremos derrotar".
Nesta contexto, pediu que o país rebata a ideia de que "os factos são manipulados e, até mesmo, fabricados". Donald Trump, o seu antecessor, não participou do evento, tornando-se, em cerca de 150 anos, o primeiro Presidente do país a boicotar a tomada de posse de um sucessor. Já o seu ex-vice presidente, Mike Pence, marcou presença na tomada de posse, que também contou com os ex-Presidentes George W. Bush, Bill Clinton e Barack Obama.
No discurso da cerimónia, Amy Klobuchar, a nova líder democrata no Senado, recordou o episódio do ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro, afirmando que a democracia resiste a todas as investidas, dizendo que é também um exemplo de que a democracia não deve ser dada por garantida.
"Celebramos um novo Presidente que vai restaurar os valores da democracia", disse Klobuchar, sem esconder alguma emoção, referindo-se ainda a Kamala Harris como a primeira sul asiática na vice-Presidência, como sinal de novos tempos de diversidade.
Referindo-se aos eventos de 6 de janeiro, o número um dos EUA prometeu que isso não acontecerá novamente "nem hoje, nem amanhã".
Momento de unificação
O senador republicano Roy Blunt, do Missouri, disse que é importante preservar as "liberdades conquistadas" e que as democracias "nunca estão terminadas", e que a tomada de posse de sucessivos presidentes mostra que as instituições são perecíveis.
"Este não é um momento de divisão, é um momento de unificação", disse Blunt, admitindo que, na tomada de posse do democrata Joe Biden, "há um partido mais satisfeito do que outro", mas que não é isso que deve diminuir o esforço de todos os legisladores.
O novo Presidente dos EUA apelou a que seja encerrada o que classificou como "guerra civil" entre democratas e republicanos e pediu que seja assumida no país a responsabilidade de defender a verdade e derrotar as mentiras.
Biden, católico praticante, ouviu ainda uma oração proferida pelo padre Leo O'Donovan, um amigo de longa data, que abençoou a nova equipa governamental, sublinhando a necessidade da "fé necessária" para ultrapassar os grandes desafios.
E a Covid-19...
O sucessor de Trump disse que este é o momento "para baixar a temperatura", para acalmar ânimos políticos desavindos, perante graves desafios.
"Vamos derrotar a pandemia. Mas vamos fazê-lo juntos. Temos de o fazer juntos", prometeu Biden, recordando que a crise sanitária que se vive já matou tantos norte-americanos como a Segunda Guerra Mundial.
O estadista pediu mesmo uns segundos de silêncio pelas vítimas mortais da pandemia, colocando o problema como prioridade da sua agenda política.
Alias, a cerimónia decorreu diante de um público reduzido devido aos protocolos para evitar contágios do coronavírus.
Política externa
Ainda no seu discurso, Joe Biden prometeu reparar "as alianças" tradicionais do país, que se voltará a relacionar "uma vez mais com o mundo", depois da política de isolamento do antecessor, Donald Trump.
Mas Biden também deixou uma mensagem para o exterior, dirigindo-se aos inimigos e aliados: "Seremos aliados de confiança. Seguros e fortes".
O novo estadista disse acreditar que os Estados Unidos podem "voltar a ser um aliado em que se pode confiar".