O Papa apelou hoje, no Vaticano, à ajuda da comunidade internacional para travar a violência e a onda de sequestros no Haiti, onde foram libertadas quatro dos seis religiosos raptados em fevereiro.
“Apelo a todos os agentes políticos e sociais para que abandonem todos os interesses particulares e se empenhem num espírito de solidariedade na busca do bem comum, apoiando uma transição pacífica para um país que, com a ajuda da comunidade internacional, esteja equipado com instituições sólidas capazes de restaurar a ordem e a tranquilidade entre os seus cidadãos”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação do ângelus.
Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa disse ter recebido “com alívio” a notícia da libertação de um professor e quatro religiosas que tinham sido sequestradas a 23 de fevereiro.
“Apelo à libertação, o mais rapidamente possível, dos outros dois religiosos e de todos os que ainda se encontram sequestrados nesse amado país, atormentado por tanta violência”, acrescentou.
Os religiosos em causa são os irmãos Pierre Isaac Valmeus e Adam Montclaison Marius, raptados por grupos criminosos que exigem resgates pela libertação das pessoas sequestradas.
O Haiti vive uma crise social e política, que levou ao pedido de demissão do primeiro-ministro Ariel Henry, para dar lugar a uma autoridade de transição, pedida por vários responsáveis, incluindo a conferência episcopal local.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, “o surto de violência desde o final de fevereiro” agravou a situação, com 362 mil haitianos forçados a fugir das suas casas.
Francisco quis evocar ainda as “populações devastadas pela guerra, na Ucrânia, na Palestina e em Israel, no Sudão”.
“E não esqueçamos a Síria, um país que há tanto tempo sofre com a guerra”, acrescentou.
o Papa leu a sua intervenção após ter
estado limitado, nos últimos dias, por problemas respiratórios.
A reflexão, no quinto domingo da Quaresma, falou do “dom e perdão” como “essência da glória de Deus.”
“A glória, para Deus, não corresponde ao sucesso humano, à fama ou à popularidade: não tem nada de autorreferencial, não é uma manifestação grandiosa de poder seguida de aplausos do público. Para Deus, a glória é amar até dar a vida”, precisou, apontando às próximas celebrações da Semana Santa, que levam até à Páscoa (31 de março, em 2024), a maior festa do calendário litúrgico.
O Papa alertou para uma falsa “glória”, que leva “à divisão, à discórdia, à inveja”.
“Qual é a glória que desejo para mim, para a minha vida, que sonho para o meu futuro? A de impressionar os outros pelo meu valor, pelas minhas capacidades ou pelas coisas que possuo? Ou o caminho do dom e do perdão, o de Jesus Crucificado, o caminho de quem não se cansa de amar?”, questionou.
Francisco despediu-se, após saudar os participantes na Maratona de Roma, com os tradicionais votos de “bom domingo” e “bom almoço”, pedindo orações por si.
OC