O Papa recordou na rede social X que este 20 de junho marca o Dia Mundial do Refugiado, instituído pelas Nações Unidas. Diz a mensagem: "Os rostos, os olhos dos #refugiados pedem-nos para não virarmos as costas, não renegarmos a humanidade que nos irmana, para assumirmos as suas histórias e não esquecermos os seus dramas". Como fazem os corredores humanitários que chegam na Itália: nesta sexta (21/06) serão acolhidos em Roma 191 refugiados afegãos.
“Os rostos, os olhos dos #refugiados pedem-nos para não virarmos as costas, não renegarmos a humanidade que nos irmana, para assumirmos as suas histórias e não esquecermos os seus dramas.”
Com essa mensagem na rede social X, o Papa Francisco recordou o Dia Mundial do Refugiado deste 20 de junho, data instituída pelas Nações Unidas, para homenagear todos aqueles que, com coragem, foram forçados a deixar o país de origem em função de conflitos ou perseguições. As palavras do Pontífice reforçam a mensagem já publicada neste ano para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado (DMMR), celebrado pela Igreja Católica em 29 de setembro, "Deus caminha com o Seu povo".
Já o título escolhido pelo próprio Papa reflete a natureza "itininerante" do povo de Deus "em caminho na história, peregrinante - poderíamos dizer 'migrante', rumo "ao encontro final com o Senhor". Assim como os próprios migrantes fazem através das suas "viagens de esperança", quando "fogem de situações de opressão e abuso, de insegurança e discriminação, de falta de perspetivas de progresso", mas têm Deus que sempre os acompanha, como "guia e âncora de salvação".
Assim como Deus, o Papa pede que não viremos as costas para os refugiados que "tiveram que abandonar a sua terra à procura de condições de vida dignas", mas estejamos "em caminho juntamente com eles". Afinal, "o encontro com o migrante, bem como com cada irmão e irmã que passa necessidade, é também encontro com Cristo".
Precisamos acolher a fragilidade, afirma Zuppi
O presidente dos bispos da Itália, cardeal Matteo Zuppi, une-se ao pedido do Papa Francisco ao afirmar que "se não formos capazes de acolher a fragilidade, nos tornamos estranhos em nossa própria casa". O arcebispo de Bolonha participou de um evento em Roma nesta quarta-feira (19/06), organizado pela ACNUR, a Agência da ONU para os Refugiados, e exortou que o novo Parlamento Europeu reconheça o direito de asilo.
"Toda vez que um direito é questionado, é um perigo para todos", comentou o cardeal ao propor "combater a ilegalidade com a legalidade", através "da clareza nas regras e na sua aplicação, estando consciente de que o humanitário não é uma concessão, mas um direito". Os refugiados, observou ainda o cardeal, "são frequentemente retratados como inimigos: jamais vou acolher uma pessoa de quem tenho medo, sempre vou olhar ela com desconfiança". Dessa forma, segundo a análise de Zuppi, "parece que o refugiado perde a humanidade, tornando-se vítima de preconceitos e caricaturas". Entre as boas práticas a serem incrementadas, o presidente da Conferência Episcopal Italiana citou "os corredores humanitários, os corredores de trabalho e os corredores universitários".
Mais de 190 afegãos em voo para Itália
Como tem feito a comunidade cristã de Santo Egídio, uma rede presente nas periferias de mais de 70 países, que nesta sexta-feira (21/06) promove a vinda de 191 refugiados afegãos através do corredor humanitário de Islamabad. Quem apoia a iniciativa é a Conferência Episcopal Italiana (por meio da Caritas Italiana), a Federação das Igrejas Evangélicas da Itália, a Tavola Valdese e a Associação Recreativa e Cultural Italiana (Arci), em acordo com os Ministérios do Interior e das Relações Exteriores.
Os cidadãos afegãos, refugiados no Paquistão desde agosto de 2021, serão imediatamente transferidos para diferentes regiões e começarão a se integrar, começando com o aprendizado do idioma e a colocação no mercado de trabalho, graças ao projeto das organizações proponentes, apoiado por várias ONGs. Os refugiados serão acomodados em casas e estruturas disponibilizadas pela Comunidade de Santo Egídio, pelas igrejas protestantes italianas, pelos clubes da Arci, pela Caritas, bem como por associações e cidadãos italianos, que ofereceram seus apartamentos para hospedá-los.