O comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tenente-coronel Paulo Henrique Morães, que está no Morro do Alemão, informou que 90 homens da corporação passaram a madrugada na favela.
Ainda segundo o oficial, os militares ficaram distribuídos em seis comunidades do complexo.
Outros 90 vão chegar ainda pela manhã para render os que estavam no turno da madrugada. De acordo com o comandante, nesta manhã os policiais continuarão a vasculhar a comunidade em busca de traficantes e de armas:
- É fundamental que nós façamos uma limpeza da comunidade. Queremos descobrir guarda de armas e possíveis marginais que ainda estejam na comunidade - disse ele, em entrevista à TV Globo.
O comandante reconheceu que é possível que alguns bandidos tenham fugido
- Eles tentaram de diversas formas. Alguns tentavam fugir vestidos de religiosos, de mata-mosquito. Alguns conseguiram, é possível. Eles podem ter ido também em direcção ao Juramentinho fugindo pela tubulação.
Ainda segundo o comandante, a partir de agora é possível que os policiais, que estão de plantão desde quarta-feira, passem a ter uma folga.
Pela manhã, o movimento de pessoas circulando dentro da comunidade parece aos poucos a voltar ao normal. Os pontos de ônibus estão cheios. Os colectivos estão trasfegando desde as 4h, quando um ônibus da linha 908 (Bonsucesso-Guadalupe) passou pela Estrada do Itararé. O veículo foi o primeiro colectivo que circulou pela via, durante a madrugada. No entanto, poucas Kombis e táxis trasfegaram pela estrada no mesmo horário.
No interior da favela, moradores tentam retomar a rotina. Parte do comércio das ruas internas da comunidade continua fechado. A Avenida Itaoca, no entanto, em nada lembra o cenário de guerra do domingo: a via está liberada ao tráfego nos dois sentidos, e o comércio já está funcionando.
Os moradores sofrem, no entanto, com a grande quantidade de lixo espalhado pelas ruas e vielas do Complexo do Alemão. Desde sexta-feira, a Comlurb não recolhe as sacolas com detritos.
Operários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) já estão no local e devem retomar as obras, paradas desde o início dos conflitos.
As aulas nas escolas e creches municipais localizadas na região do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, no entanto, ainda não voltaram ao normal. A Secretaria Municipal de Educação informou que o reinício das aulas na região será definido em uma reunião com o prefeito Eduardo Paes, nesta segunda-feira.
A primeira noite com ocupação das forças de segurança foi de aparente tranquilidade no Complexo do Alemão. Durante a madrugada, o patrulhamento no entorno da comunidade continuou, mas em número reduzido: militares das Forças Armadas, e policiais civis e militares ficaram de prontidão na Estrada do Itararé e na Rua Joaquim de Queiroz, principal acesso à favela.
Policiais do Bope ficaram posicionados em pontos estratégicos da comunidade. Veículos blindados das Forças Armadas circularam pela Estrada do Itararé. Moradores que entravam e saíam da comunidade também eram revistados.
Um suspeito de 37 anos foi preso por uma equipe da 10ª DP (Botafogo), na noite de domingo, na Favela da Grota, que fica no complexo. O homem foi preso com oito carteiras de identidades, papelotes de cocaína, uma faca e produtos electrónicos, possivelmente roubados. Ele disse que os documentos eram de parentes.