Tribunal confirmou a liberdade condicional do fundador da organização que tem divulgado a correspondência diplomática dos EUA. Próxima audiência é a 11 de Janeiro.
"É bom sentir de novo o ar fresco de Londres", afirmou o australiano de 39 anos à saída do tribunal. "Espero continuar o meu trabalho e continuar a defender a minha inocência." Na mensagem, lembrou ainda o seu tempo na cela de isolamento - aparentemente a mesma onde esteve detido o escritor irlandês Oscar Wilde - "no fundo de uma prisão vitoriana", dizendo ter pensado nas pessoas que estão detidas em condições ainda piores que as suas. "Essas pessoas também precisam da nossa atenção e apoio", disse.
Houve ainda tempo para agradecimentos. Primeiro, a todos os que mantiveram a fé nele e ajudaram a sua equipa nos nove dias que esteve preso. Depois aos advogados "que travaram uma luta corajosa e bem-sucedida" e àqueles que contribuíram para pagar a fiança, "diante de grandes dificuldades". Finalmente aos jornalistas e ao sistema judiciário: "Se o resultado não é sempre a justiça, pelo menos ela ainda não está morta."
Assange terá de se apresentar diariamente entre as 14.00 e as 17.00 na esquadra de Beccles, a mais próxima da mansão do jornalista e amigo Vaughan Smith, excepto nos feriados, quando um agente se deslocará à propriedade, a 200 km de Londres. Além de ter entregado o passaporte, Assange tem de usar sempre a pulseira electrónica, para evitar uma fuga.
A decisão do tribunal foi conhecida às 13.00, mas Assange só saiu cinco horas depois. Durante este tempo, os advogados tiveram de encontrar mais cinco fiadores, além dos dois iniciais. Estes tiveram de se deslocar ao tribunal, ou a uma esquadra da polícia, para preencher a documentação necessária e serem aprovados. Um deles foi recusado, o jornalista australiano John Pilger, descrito pelo juiz como "outro australiano ambulante", como o próprio Assange.
Os defensores do australiano temem que esteja a ser vítima de um processo político e que seja entregue pela Suécia aos EUA. Segundo o New York Times, Washington tenta encontrar provas de que Assange conspirou com o ex-analista militar Bradley Manning, acusado de dar os dados à WikiLeaks.