Rebeldes no leste do Congo rejeitaram os apelos de líderes africanos para se retirar da cidade de Goma e ameaçaram nesta quinta-feira prosseguir com seu avanço até o presidente Joseph Kabila iniciar negociações diretas de paz.
Os rebeldes do M23, que amplamente se acredita terem apoio de Ruanda, disseram que vão "libertar" todo o vasto país rico em recursos depois de tomarem a capital da província de Goma, na fronteira de Ruanda, elevando as tensões em uma região frágil.
"Nós vamos ficar em Goma à espera de negociações", afirmou Jean-Marie Runiga, chefe do braço político do movimento rebelde M23, à Reuters na cidade. "Eles vão nos atacar e nós vamos nos defender e continuar a avançar."
Combatentes rebeldes tomaram a cidade de um milhão de pessoas na terça-feira, depois que soldados do governo recuaram e forças pacificadoras da ONU desistiram de tentar defendê-la. Desde então, os rebeldes tomaram Sake, uma cidade estratégica a cerca de 25 quilômetros a oeste ao longo de uma rodovia estratégica, ajudados por desertores do Exército.
Líderes regionais e internacionais vêm lutando para conter a tensão nos Grandes Lagos Africanos. Na quarta-feira, ministros das Relações Exteriores dos países da região exigiram que os rebeldes saíssem de Goma e detivessem seu avanço, e Kabila prometeu avaliar suas queixas, em uma concessão aos rebeldes que não chegou ao ponto de iniciar negociações.
"Eu não estou confiante, porque eu já esperei por três meses em Kampala para negociações", disse Runiga sobre um discurso recente na capital da República Democrática do Congo.
Ele afirmou que o M23 permitiria que grupos de assistência voltassem a Goma, depois de se retirarem durante os confrontos. Correspondentes da Reuters na cidade viram alguns trabalhadores de ajuda humanitária dirigindo para a cidade nesta quinta-feira.