Os confrontos entre manifestantes e policiais prosseguiam nesta quinta-feira na região de Siliana, onde mais de 250 pessoas ficaram feridas no dia anterior em protestos pela saída do governador e por melhores condições de vida.
A principal central sindical tunisiana, a UGTT, manteve a convocação para um terceiro dia de greve geral na cidade e região de Siliana (120 km ao sudoeste de Tunis).
Manifestações foram marcadas pela violência, mas os excessos foram menos graves do que no dia anterior.
Os manifestantes atearam fogo a um posto policial e em duas viaturas em Kesra, 40 km ao sul de Siliana, constatou um jornalista da AFP.
"Nós éramos 30 para incendiar o posto", contou à AFP um jovem de 17 anos, que se identificou como Ali.
A calma parecia reinar às 12h30 GMT (10h00 de Brasília) nesta cidade de 18 mil habitantes. Nenhuma fonte hospitalar ou da polícia forneceu um registro atualizado.
Na cidade de Gaafour, os manifestantes atiraram pedras contra caminhões da polícia e do Exército, de acordo com testemunhas.
Em Siliana, capital da região de mesmo nome, uma manifestação de cerca de 2.000 pessoas foi realizada de forma pacífica, ao contrário do dia anterior. Nenhum incidente foi registrado, de acordo com jornalistas da AFP.
Os manifestantes exigem a saída do governador, Ahmed Ezzine Mahjoubi, a liberação de todos os detidos desde abril de 2011 e ajuda econômica para esta região pobre, como a maioria das províncias do interior da Tunísia.
"O governador tem que sair para a greve acabar", declarou à AFP Nejib Sebti, secretário-geral regional da UGTT, enquanto o primeiro-ministro Hamadi Jebali descartou qualquer possibilidade de afastar Mahjoubi de seu cargo.
No início da tarde, policiais e militares estavam presentes em pequeno número nas ruas de Siliana. Restos das barricadas e marcas da violência dos dois dias anteriores estavam espalhados pelas ruas, como pedras, pneus queimados e até tronco de árvores. Todo o comércio continua fechado.
As autoridades de segurança advertiram que vão reprimir qualquer excesso, mas prometeram não agir se as manifestações forem pacíficas.
O Ministério da Defesa publicou em sua página no Facebook um balanço dos danos materiais: cerca de dez prédios públicos queimados, incluindo quatro locais das forças de ordem.
As reivindicações dos manifestantes não são diferentes das da revolução de janeiro de 2011: o fim da pobreza, do desemprego e as denúncias de arbitrariedade e violência por parte da polícia.
A região de Siliana é muito afetada por dificuldades econômicas. Segundo estatísticas oficiais, os investimentos nesta parte do país caíram 44,5% e a criação de empregos despencou 66% durante o período de janeiro a outubro de 2012, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O governo, liderado pelos islamitas do Ennahda, garante ter recorrido à força em resposta a ataques sofridos.
A violência explode regularmente na Tunísia entre a polícia e manifestantes indignados com a pobreza, principalmente nas províncias do interior do país, muito marginalizadas.
A Tunísia enfrenta conflitos políticos e religiosos, assim como dificuldades econômicas com a proximidade do segundo aniversário de sua revolução, que deu origem à Primavera Árabe.