A nomeação de Bruno Tshibala como Primeiro-ministro da República Democrática do Congo é uma "distorção do Acordo de São Silvestre", dizem os bispos congoleses num comunicado citado pela Agência Fides. Segundo os acordos, de facto, o Primeiro-ministro devia ser designado de forma consensual pela oposição, mas esta ficou dividida. O Presidente Joseph Kabila nomeou como Primeiro-ministro Tshibala, que é membro de apenas uma parte da oposição. A nomeação, segundo os bispos, é "uma distorção do Acordo de São Silvestre e explica a persistência da crise". O impasse político corre o risco de impedir a execução de um dos pontos fundamentais do acordo assinado a 31 de Dezembro de 2016: a realização das eleições presidenciais, legislativas e provinciais, até Dezembro de 2017.
O impasse decorre não só da falta de nomeação, com o consentimento de todas as partes, do Primeiro-ministro do Governo de Unidade Nacional, mas também do facto de que a oposição não conseguiu chegar a acordo sobre o nome do Presidente da Comissão de Auditoria para a implementação do Acordo de São Silvestre.
O Presidente Kabila pediu às forças políticas "para acelerar as negociações para a nomeação de uma personalidade consensual para presidir esta estrutura", deixando a porta aberta para a nomeação de alguém não proveniente do “Le Rassemblement”. Os Bispos, ao invés, tinham proposto a nomeação, com o consentimento de todos, de uma personalidade do "Le Rassemblement" pelo que, segundo eles, "o abandono do compromisso político acordado entre as partes representaria uma violação do Acordo de São Silvestre”..
Impasse político agrava condições económicas e de segurança
A mensagem sublinha, por fim, que o impasse político agrava as precárias condições económicas e de segurança da RDC, lamentando, em particular, a situação no Kasai, “onde na Arquidiocese de Kananga e nas dioceses de Mbujimayi, Luebo e Luiza confrontos sangrentos ocorreram entre as forças da ordem e os milicianos de Kamuina Nsapu". Perante esta situação, "a CENCO (Conferência Episcopal Nacional do Congo) apela a todos os actores políticos e sociais a serem mais sensíveis ao sofrimento do povo congolês”.