Por mais difícil que possa ter sido vencer a eleição, Ramaphosa enfrenta agora uma missão complicada: unir as diferentes facções do partido e ao mesmo tempo ter a acção decisiva contra a corrupção que prometeu, e que o país espera, comentou o analista da BBC Milton Nkosi.
As eleições na liderança do ANC – e que provavelmente definem quem será o próximo líder sul-africano – foram seguidas com uma atenção especial pelos delegados no congresso e pelos sul-africanos em geral.
Ramaphosa enfrentava Nkosazana Dlamini-Zuma, e os principais candidatos na corrida simbolizavam dois caminhos diferentes para o partido no poder na África do Sul desde o fim do apartheid: Ramaphosa é um antigo sindicalista, entretanto empresário, e até agora número dois do partido, mas visto como um potencial reformista, especialmente na parte económica; Dlamini-Zuma, ex-mulher do Presidente, Jacob Zuma, é vista como uma candidata de continuidade, em especial de políticas vistas como falhadas em termos de emprego, por exemplo.
A margem foi pequena: o vencedor obteve 2440 votos e a derrotada 2261.
A paixão de Ramaphosa sempre foi a política. Foi nas lutas sindicais que aperfeiçoou a capacidade de negociação que seria depois vital para as negociações com o regime de Frederik de Klerk, e, sempre que havia bloqueios, era Ramaphosa quem era chamado para ajudar.
Em 1994, achou que poderia ser ele o número dois de Mandela (e este tê-lo-ia como “herdeiro” favorito), mas quando foi preterido e a vice-presidência para Thabo Mbeki (que foi mais tarde Presidente) afastou-se, recusando fazer parte do governo. Dedicou-se então aos negócios e tornou-se um empresário de sucesso.
Ramaphosa prometeu lutar contra a corrupção e revitalizar a economia. Quando a sua vitória foi anunciada, Ramaphosa emocionou-se, enquanto os seus apoiantes gritavam em júbilo.
A vida de Cyril Ramaphosa está cheia de desafios que venceu: sindicalista, foi o braço direito de Nelson Mandela nas negociações que culminaram no fim do apartheid e a chegada ao poder do ANC em 1994; sendo preterido para a vice presidência do país, afastou-se da política e dedicou-se aos negócios, tornando-se um dos homens mais ricos do país. Voltou à política em 2012 para a vice-presidência do ANC e esta segunda-feira, venceu aquela que era considerada a candidata preferida da maior parte das estruturas do partido, Nkosazana Dlamini-Zuma, ex-mulher do Presidente.