Winnie Mandela, política, activista e segunda mulher do ex-presidente sul-africano, Nelson Mandela, morreu esta segunda-feira, aos 81 anos, num hospital de Joanesburgo, África do Sul.
A notícia foi avançada pelo seu assistente pessoal, citado pela BBC, após "doença prolongada". "É com grande tristeza que informamos o público de que a senhora Winnie Madikizela Mandela morreu no hospital de Milkpark de Joanesburgo segunda-feira 2 de abril", anunciou Victor Dlamini num comunicado.
"Morreu após uma longa doença, pela qual foi hospitalizada várias vezes desde o princípio do ano. Morreu pacificamente às primeiras horas da tarde de segunda-feira, rodeada da família e dos entes queridos", acrescentou o porta-voz.
"Lutou corajosamente contra o apartheid e sacrificou a sua vida pela liberdade do país. Manteve viva a memória do marido, Nelson Mandela, enquanto esteve preso em Robben Island e ajudou a dar à luta pela justiça na África do Sul uma das suas faces mais reconhecíveis", afirmou.
Nomzamo Winifred Zanyiwe Madizikela, conhecida como Winnie, foi uma das figuras destacadas do ativismo anti-apartheid após a prisão do então marido Nelson Madela, mas caiu em desgraça após o fim do regime, com acusações de tortura e um processo por fraude.
Winnie nasceu a 26 de setembro de 1936 na África do Sul e mudou-se depois para Joanesburgo, onde estudou para ser assistente social.
Casou-se com Nelson Mandela em junho de 1958, ela com 21 anos, ele um divorciado e pai de família com quase 40.
Winnie e Nelson Mandela, que estiveram juntos desde 1956 até ao divórcio em 1996, eram um símbolo da luta contra o apartheid. Durante cerca de 27 desses anos, Mandela esteve preso.
Com a prisão do marido, assume a liderança da luta ao apartheid e do Congresso Nacional Africano (ANC), mas divide pelo estilo autoritário, com membros do partido a acusarem-na de tortura e incitamento ao ódio.
A imagem dos dois, caminhando de mãos dadas no dia da libertação do herói sul-africano em 1990, correu mundo, mas o casal não voltou a estar junto e acabou por se divorciar em 1996, no final de um longo processo de revelação de infidelidades de Winnie.
Em 1991, é julgada e condenada a seis anos de prisão, posteriormente comutados numa multa, pelo rapto de um jovem militante, Stompie Seipei.
Em 1998, a Comissão de Verdade e Reconciliação, encarregada de julgar os crimes políticos no apartheid, considerou Winnie "politicamente e moralmente culpada de enormes violações dos direitos humanos".