Moradores da capital da República Centro-Africana, Bangui, colocaram nesta quarta-feira os corpos de 17 civis em frente à sede do quartel-general da missão da ONU no país, a Minusca. A acção foi parte de um protesto contra uma operação dos capacetes azuis contra grupos armados, que se concentrou nos bairros muçulmanos. Segundo os habitantes, os cadáveres eram de vítimas destes confrontos.
O protesto aconteceu enquanto o chefe das operações de paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, visitava o país, que é gravemente afectada pela violência religiosa e étnica desde 2013. A Cruz Vermelha rapidamente retirou os corpos, que estavam envoltos em plástico sobre o chão.
“Ontem, mataram muitas pessoas. Estes são os mortos que trouxemos aqui “ disse um homem à AFP, diante do portão fechado da missão da ONU.
Outros quatro cadáveres de civis e mais quatro de membros de grupos armados foram depositados numa mesquita do bairro PK5, de maioria muçulmana, seguindo Djibrine Youssouf, presidente da associação mercantil local. Há meses esta área vem sendo cenário de sangrentos conflitos.
A ONU disse que um soldado da força de paz originário de Ruanda morreu, e outros oito ficaram feridos, na quarta-feira em um "tiroteio com elementos armados" durante várias horas em Bangui. O ataque ocorreu dois dias após seus soldados e forças locais de segurança terem lançado uma operação conjunta no bairro PK5 para capturar e desarmar grupos criminosos.
O Ministério da Defesa do país, no entanto, disse em nota que as Forças Armadas não haviam participado da operação, enquanto o governo pede que a população mantenha a calma. Em comunicado separado, o chefe das operações de paz da ONU afirmou que a nova operação buscava proteger a população de elementos criminosos.