Arranca esta quinta-feira o Conselho de Ministros da União Africana, reunião que antecede a 32ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, com os refugiados e deslocados como tema central.
O encontro dos líderes africanos tem como tema “Refugiados, retornados e deslocados internos: rumo a soluções duradouras para o deslocamento forçado em África” e decorre em Addis Abeba, Etiópia.
A 32ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana vai ficar marcada pela entrada “pela porta grande” de Félix Tshisekedi como Presidente da República Democrática do Congo. Isto depois da União Africana ter recuado na sua posição em relação aos resultados eleitorais da RDC.
A marcar este encontro está, também, a dança de cadeiras. Abdel Fattah al-Sissi vai substituir Paul Kagame na presidência da organização africana.
O Presidente do Egipto já fez saber as suas prioridades para a liderança da União Africana: desenvolver as trocas comerciais e fomentar as oportunidades de investimento intra-africanas. Diz Al-Sissi que a sua presidência vai permitir colocar em acção a Zona de Livre Comércio Continental Africana (ZLECA).
A presidência egípcia da União Africana quer reformas estruturais para fomentar a melhoria do ambiente de negócios e, assim, atrair os investimentos necessários para atingir os objectivos decididos em termos de desenvolvimento sustentável e da Agenda 2063 da União Africana, horizonte definido para uma integração total do continente, nos mais variados aspectos.
Além do pilar económico há a prioridade da luta contra o terrorismo, que perturba e prejudica o desenvolvimento de África e desencoraja investimento estrangeiro.
Por fim, o Cairo deverá dar continuidade às reformas da instituição iniciadas pelo ainda presidente da União Africana, o presidente ruandês Paul Kagame.
Kagame deixa a chefia da União Africana com balanço pouco expressivo. Queria dar mais autonomia e eficácia à instituição, mas acabou por ser travado pela engrenagem do sistema.
Por resolver continua a questão do financiamento da União Africana. Este é provavelmente o maior falhanço de Kagame. Actualmente os estados africanos contribuem apenas com 40% do montante necessário para o financiamento da União Africana, os restantes 60% vêm da União Europeia Estados Unidos da América e China.
Para vários observadores esta dependência da União Africana da ajuda externa é o principal travão ao sucesso das suas missões de manutenção da paz e segurança assim como na realização de projectos de integração continental.