Os principais partidos e o Presidente do país estão indignados com o adiamento das eleições para 23 de fevereiro apenas cinco horas antes de abrirem as urnas
O presidente da comissão, Mahmood Yakubu, anunciou o adiamento quase cinco horas antes do início das eleições gerais naquele que é o país mais populoso da África e maior democracia do continente. Os principais partidos e o Presidente do país já manifestaram a sua indignação com a decisão.
O Presidente Muhammadu Buhari, mostrou-se "profundamente desapontado" pelo adiamento das eleições presidenciais na maior economia africana, apelando à calma e considerando que o momento é "um teste ao caminho democrático" nigeriano.
A comissão prometeu fornecer mais detalhes numa conferência de imprensa marcada para as 14:00 na capital, Abuja.
Yakubu disse que "esta foi uma decisão difícil de tomar, mas necessária para o sucesso das eleições e a consolidação da (...) democracia".
Em 2015, a Nigéria atrasou a eleição durante seis semanas, alegando então problemas ligados com a segurança.
Nestas eleições, os nigerianos escolhem o seu Presidente, os deputados à Assembleia Nacional e os governadores dos 36 estados do país, num escrutínio que se apresenta como imprevisível.
Muhammadu Buhari, o Presidente cessante, tem 76 anos, e já governou o país em 1983, na sequência de um golpe de Estado e durante o período das ditaduras militares.
Já o outro candidato, Atiku Abubakar, quer conquistar os eleitores da faixa etária 18-30 anos, com o argumento da sua juventude em relação a Buhari.
O partido no poder, o Congresso dos Progressistas (APC), afirmou estar "extremamente desapontado" com a decisão, pedindo à comissão eleitoral para permanecer "imparcial".
"Esperamos que a Comissão Eleitoral Nacional Independente (INEC) permaneça neutra e imparcial neste processo, pois rumores sugerem que este adiamento foi orquestrado pelo principal partido da oposição, o PDP (Partido Popular Democrático), que nunca esteve pronto para esta eleição", disse o diretor de campanha do atual Presidente Muhammadu Buhari.
Por sua parte, o candidato da oposição Abubakar Atiku apelou aos seus apoiantes que se mantivessem calmos perante uma "provocação". "Eles [a APC] sabem que o povo nigeriano está determinado a rejeitá-los, eles estão desesperados e fariam qualquer coisa para evitar isso", escreveu o candidato do PDP do estado de Adamawa, onde nasceu e para onde se tinha deslocado para votar hoje.
As eleições de 2015 desenrolaram-se quase sem violência, e foram as primeiras assinaladas como "livres e transparentes" desde o início do período democrático em 1999, após décadas de ditaduras militares e de golpes de Estado.