O Arcebispo de Nampula (Moçambique), e membro do Comité Permanente da Associação Inter-regional dos Bispos da África Austral (IMBISA), disse que os responsáveis preocupados com os ataques em Cabo Delgado, incentivando ao acolhimento dos deslocados.
“Sem excluir a atenção e a vigilância, também temos de procurar acolhê-los com muito respeito e com muito carinho”, disse D. Inácio Saúre ao portal ‘Vatican News’.
O arcebispo de Nampula explicou que a Igreja tem encorajado as comunidades cristãs e a todas as pessoas de boa vontade a acolher “de bom grado” os deslocados, referindo que há desconfiança que existam infiltrados que são causadores dos ataques armados.
Desde 2017, o conflito na Província de Cabo Delegado, no norte de Moçambique já causou mais de 2500 mortos e mais de 700 mil deslocados, mas D. Inácio Saúre observa que este é um número que deixa de fora muitas pessoas que morrem no mato e muitos desaparecidos.
“Com os deslocados, já se alastra para outras províncias e dioceses, onde também não se exclui a possibilidade que chegue verdadeiramente também a guerra”, referiu arcebispo moçambicano, membro do Comité Permanente da Associação Inter-regional dos Bispos da África Austral, que realizou uma reunião de preparação da próxima assembleia plenária.
Para D. Inácio Saúre, a região da IMBISA deve “estudar seriamente o problema e trabalhar juntos e bem unidos” porque o terrorismo no norte de Moçambique não mostra sinais de abrandar.
O arcebispo realçou também que os agentes de pastoral, particularmente os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, não estão seguros no contexto do terrorismo “porque são pessoas que estão verdadeiramente com o povo”.
“O pessoal eclesiástico não escapa ao perigo do terrorismo, como todo o povo também se encontra em perigo”, alertou, em entrevista ao ‘Vatican News’.
O futuro dos jovens também está presente na reflexão da IMBISA, uma “problemática que preocupa muito”, e no contexto de Moçambique, o arcebispo explica que existem muitas dificuldades, nomeadamente falta de condições para poderem estudar e a falta de emprego.
“Em Moçambique comparativamente ao tempo colonial, agora temos muitas Universidades, mas muitos jovens não têm acesso, porque não têm dinheiro para poderem estudar, e isto deixa muito obscuro o futuro dos jovens, que não se podem preparar para o futuro, jovens que não têm trabalho”, desenvolveu D. Inácio Saúre.