O governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está sofrendo as consequências de não ter sabido exercer uma liderança forte no Médio Oriente, onde o aumento do sentimento antiamericano tem gerado uma nova onda de violência na região, segundo analistas.
As liberdades conquistadas com grande esforço durante a chamada Primavera Árabe dão o espaço necessário para que a população expresse suas opiniões e no contexto destas jovens democracias, fica relativamente fácil que a intervenção de sectores militantes estimulem e provoquem a indignação e a fúria por qualquer motivo.
Ao menos 15 pessoas, incluindo quatro diplomatas norte-americanos, morreram em quatro dias de violentos protestos no Egipto, Líbia, Sudão, Tunísia e Iêmen, devido à divulgação de um filme anti-muçulmano realizado nos Estados Unidos.
Alguns analistas temem que sem uma posição mais firme do presidente norte-americano, Barack Obama, que está focado em sua campanha eleitoral pela reeleição nos comícios de 6 de novembro - a situação não fará mais que piorar.
"Temo que exista uma desconfiança profundamente arraigada que tem gerado certo anti-americanismo", afirmou à AFP Salman Shaikh, diretor do Centro Brookings Doha.
A invasão do Iraque em 2003, ordenada pelo predecessor de Obama, George W. Bush, e o fracasso do processo de paz Israel-palestino estão entre os temas que causam mais irritação.
"Foi uma tentativa bastante imperfeita de fazer a paz; diria que foi uma das menos sérias que já vimos", afirma Shaikh em referência aos esforços norte-americanos para retomar as conversações de paz com os palestinos, bloqueadas há dois anos. "E agora se desentenderam completamente", afirma.
Se Washington quer "mudanças rápidos na percepção (que se tem dos Estados Unidos) no mundo árabe, talvez não lhe esteja ajudando o relaxamento que agora mantêm com Israel", disse Shaikh.
Também seria preciso um esforço maior e mais coordenado para ajudar as incipientes democracias que estão emergindo após a Primavera Árabe.
"Lamentamos que a liderança dos Estados Unidos não tem sido suficientemente forte e que não tenha marcado um caminho claro. É mais reativo que outra coisa e às vezes confuso", disse Shaikh, que afirma ainda que os Estados Unidos deveriam ter um papel mais ativo na Síria.
"O maior desafio, creio, é encontrar uma nova maneira de fazer as coisas no Médio Oriente ", diz Brian Katulis, especialista do Center for American Progress. "Precisamos de uma abordagem sistêmica para ajudar a essas sociedades a desenvolver democracias e economias que funcionem", completou.