O ex-diretor da CIA David Petraeus explicou aos congressistas americanos que sabia que pessoas ligadas à Al-Qaeda estavam envolvidas no ataque ao consulado americano em Benghazi, Líbia, durante sua primeira aparição pública desde que renunciou, na semana passada, por causa de um escândalo extraconjugal.
O ex-diretor da Agência Americana de Inteligência, que renunciou no dia 9 de novembro após a revelação de um caso extraconjugal com Paula Broadwell, testemunhou em sessão fechada nesta sexta-feira perante os membros da Comissão de Inteligência da Câmara de Representantes.
Em 11 de setembro, quatro americanos, entre eles o embaixador Christopher Stevens, foram mortos no ataque aos dois complexos diplomáticos de Benghazi.
Os republicanos criticaram a gestão do caso pela administração Obama. O senador John McCain chegou a evocar uma "incompetência colossal" ou "uma dissimulação".
Hoje, de acordo com o deputado republicano Pete King, que participou da audiência, o general Petraeus explicou que estava claro desde o início que havia terroristas envolvidos.
"Ele afirmou que havia relatórios da inteligência (diferentes), mas que sempre tinha considerado um envolvimento terrorista", relatou King. "E eu não me lembro dele ter dito isso em 14 de setembro", acrescentou, referindo-se a um primeiro relatório reportado por Patreus aos parlamentares.
King indicou que o ex-chefe da CIA leu uma declaração de 20 minutos, antes de responder as perguntas dos parlamentares durante 1h10. Segundo ele, Petraeus foi "muito profissional e, de fato, muito forte e que havia expressado pesar sobre o escândalo sexual que levou à sua demissão".
O interrogatório se concentrou em quando as autoridades americanas descobriram o envolvimento de milícias islamitas no incidente, que fora apresentado como um protesto contra a transmissão de um filme islamofóbico que abalou o mundo muçulmano.
Esta tese, reconhecida pela administração como falsa, foi retomada pela embaixadora americana na ONU, Susan Rice, cinco dias depois.
Muitos republicanos acusam Obama de tentar esconder o caráter terrorista do ataque para evitar manchar o saldo positivo do presidente na luta contra a Al-Qaeda.
Petraeus, depois de escapar dos jornalistas que esperavam por ele na manhã desta sexta, testemunhou perante o Senado.
O general aposentado dirigia a CIA no momento do ataque, e chegou a ir à Líbia para investigar. Democratas e republicanos haviam exigido na época o seu testemunho para avaliar a resposta do governo e da CIA durante o ataque.
A audiência não abordou, de acordo com King, o caso envolvendo a ex-amante de Petraeus, Paula Broadwell.
A CIA anunciou na quinta-feira que abriu uma investigação administrativa "exploratória" sobre este caso.
A investigação do FBI, que já dura vários meses e que revelou a relação extraconjungal, concentra-se nos documentos confidenciais encontrados no computador de Broadwell, mesmo que nada que comprometa a segurança nacional tenha sido encontrado.
Um outro general quatro estrelas, John Allen, o comandante das forças da OTAN no Afeganistão, também é citado no caso do general Petraeus. O Pentágono investiga uma troca de mensagens entre ele e Jill Kelley, a mulher que levou por acaso o FBI a descobrir que Petraeus tinha uma relação de adultério.