O secretário de Segurança Pública de São Paulo, António Ferreira Pinto, pediu demissão do cargo e será substituído pelo ex-procurador-geral do Estado Fernando Grella, informou o governo estadual nesta quarta-feira.
A demissão de Ferreira Pinto acontece num momento em que o Estado vive uma onda de violência, principalmente na região metropolitana, e depois de uma divergência pública com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre a oferta de ajuda federal a São Paulo para combater o crime organizado.
Entre janeiro e setembro deste ano, 959 pessoas foram mortas em casos de homicídio doloso, quando há intenção de matar, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública. O número representa um aumento de 20,7 por cento na comparação com o mesmo período de 2011.
A secretaria ainda não divulgou o dado referente a outubro nem o número parcial de novembro, dois meses em que foram registradas uma série de mortes, principalmente em chacinas, na Grande São Paulo.
Entre os mortos desde o começo do ano no Estado estão 93 policiais militares assassinados, de acordo com a secretaria, numa aparente ação de uma facção criminosa que atua em São Paulo tendo PMs como alvo.
Ferreira Pinto trocou farpas com o ministro da Justiça em outubro, depois que o agora ex-secretário afirmou que o governo federal não tinha oferecido ajuda ao Estado no combate ao crime organizado.
O Ministério da Justiça divulgou uma nota oficial rebatendo o secretário e, após o episódio, a presidente Dilma Rousseff telefonou para o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para oferecer ajuda federal ao Estado, que foi aceita.
Como resultado da cooperação, Cardozo e Alckmin anunciaram no início do mês a criação de uma agência para combater o crime organizado e a transferência de líderes de uma facção criminosa presos no Estado para presídios federais fora de São Paulo.
O pedido de demissão de Ferreira Pinto acontece também um dia depois de o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ter comparado a violência em São Paulo com o conflito entre israelenses e palestinos na Faixa de Gaza.
Carvalho disse que em um dia em São Paulo mais pessoas são mortas do que em um dia no conflito no Oriente Médio. Questionado sobre o comentário, Alckmin classificou a comparação como "infeliz".