Os rebeldes sírios se apoderaram neste sábado de um povoado na fronteira com a Turquia depois de combates contra as forças do regime, que atingiram mais uma vez com disparos o território turco, provocando uma resposta imediata das tropas de Ancara.
Desde o início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad, que se transformou em guerra civil, o Exército sírio perdeu importantes setores no norte do país ao longo da fronteira com a Turquia, agora sob controle dos insurgentes no oeste e dos curdos no leste.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), neste sábado os rebeldes tomaram o controle de Khirbet al-Joz, na província de Idleb (noroeste), a 2 km da fronteira com a Turquia, país que apoia os insurgentes sírios.
Os combates entre rebeldes e soldados regulares, que deixaram 25 mortos nas fileiras do Exército, continuava durante a tarde nos arredores deste povoado totalmente abandonado por seus 4.000 a 6.000 habitantes, que se refugiaram na Turquia, indicou o OSDH, com sede na Grã-Bretanha e que se baseia em uma rede de militantes no local.
O Exército sírio disparou um obus a partir de Khirbet al-Joz contra os rebeldes mobilizados na fronteira e atingiu a Turquia, sem deixar vítimas.
Este incidente provocou disparos de represália do Exército turco, indicou o governo da província turca de Hatay (sudeste).
Depois do grave incidente ocorrido na quarta-feira, que custou a vida de cinco civis turcos em outro povoado fronteiriço, a Turquia responde sistematicamente com salvas de artilharia aos disparos sírios que caem em seu território, acentuando a tensão entre Damasco e Ancara e aumentando os temores de uma extensão do conflito sírio.
Sinal desta tensão, a agência oficial síria Sana anunciou neste sábado que o Exército sírio havia matado em Aleppo (norte) quatro "terroristas" turcos que combatiam entre os rebeldes.
Em um momento em que os episódios de violência assola o país, onde mais de 31.000 pessoas, em sua maioria civis, morreram nos últimos 19 meses, o presidente Bashar al-Assad realizou uma aparição em público pouco comum na manhã deste sábado em Damasco, segundo os meios de comunicação oficiais sírios.
A televisão mostrou Assad cumprimentando funcionários de alto escalão militares e civis, e beijando crianças diante do monumento aos mortos na guerra contra Israel, em outubro de 1973.
Ainda na capital, as forças de segurança estavam mobilizadas em grande número no bairro de Muhajirin (norte), onde realizavam buscas nas casas, segundo o OSDH.
Em outros locais do país, o Exército bombardeou mais uma vez os redutos rebeldes, em particular em Aleppo e na província de Homs (centro), segundo o OSDH.
Na mesma cidade de Homs, a terceira maior da Síria, o bombardeio ao bairro rebelde de Khaldiyé prosseguiu e ocorreram confrontos quando o Exército tentou entrar em várias zonas em poder dos rebeldes.
Neste sábado, os episódios de violência no país deixaram 75 mortos, dos quais 38 soldados, 25 rebeldes e 12 civis, segundo o OSDH.
Os rebeldes ameaçaram matar dezenas de reféns iranianos sequestrados na Síria no início de agosto, se o Exército não se retirar da zona de Ghouta Oriental, e deram um ultimato que expira neste sábado.
O Irão, fiel aliado do regime sírio, exigiu neste sábado a libertação imediata dos reféns, informou a agência oficial Irna.
Os rebeldes dizem que os reféns são membros dos Guardiões da Revolução, tropa de elite do regime islâmico iraniano.
A Rússia, que também apoia o regime sírio, forneceu neste sábado 24 toneladas de medicamentos e de material médico à Síria, segundo a agência Sana.
Em Malta, a cúpula 5+5, que reuniu países árabes (Argélia, Líbia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia) e cinco países europeus, condenou em sua declaração final "os crimes odiosos cometidos pelas forças governamentais sírias e suas milícias e toda a violência, não importa de onde venha".